Bolsonaro nomeou diretora sem experiência na área para cuidar de saúde indígena em 2022
Sem experiência na área, mas com apadrinhamento político, a responsável pela saúde indígena nos meses finais do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro teve um salto considerável na carreira ao longo dos últimos anos...
Sem experiência na área, mas com apadrinhamento político, a responsável pela saúde indígena nos cinco meses finais do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro teve um salto considerável na carreira ao longo dos últimos anos.
Cirurgiã-dentista, Midya Targino atuou na área de formação pela prefeitura municipal de Messias Targino, município do Rio Grande do Norte, até o final de 2020. Em dezembro de 2020, com indicação do deputado João Maia (PL-RN) no currículo, a jovem assumiu o cargo de Superintendente Estadual do Ministério da Saúde no Rio Grande do Norte, em portaria assinada pelo ex-ministro Eduardo Pazuello.
Em janeiro de 2022, já na gestão do ex-titular da Saúde Marcelo Queiroga, Targino foi nomeada coordenadora-geral de Fortalecimento da Gestão dos Instrumentos de Planejamento do SUS, na Secretaria-Executiva do Ministério.
Em março do mesmo ano, Targino se tornou substituta eventual do diretor de Departamento de Gestão Interfederativa e Participativa. Em julho, diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena, da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), com um salário bruto de R$ 13.623.
Midya Gurgel (nome que utiliza nas redes sociais) foi casada com o sobrinho da prefeita de Messias Targino, Shirley Targino, que é esposa do deputado Federal João Maia. Ambos, filiados ao PL — também sigla do ex-presidente. Contudo, a ex-diretora da Sesai alega em nota que foi convidada ao cargo por critério técnico e por reconhecimento ao trabalho que desenvolveu como superintendente do RN.
Em contato com O Antagonista, a ex-diretora da Saúde ressaltou que sua passagem pela secretaria em questão foi rápida e que outras pessoas estiveram no cargo antes dela. Conforme esclareceu ainda, “o coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena seria a autoridade sanitária local e ordenador de despesas”. Luiz Antônio de Oliveira Júnior ocupava o cargo em até ontem (23), quando foi exonerado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Midya Targino diz que atuou pautada na retidão, profissionalismo e compromisso com os povo indígenas. “Quero aqui reforçar o meu compromisso profissional dentro da ética e da verdade, tendo a certeza que tudo será esclarecido.”
De acordo com dados do Portal da Transparência, Targino recebeu R$ 57,7 mil de verba pública para o custeio de viagens nas quais representava o Ministério. Seu último compromisso registrado foi uma viagem de Brasília para Roraima — estado onde povos Yanomamis sofrem com o garimpo ilegal e com o esquecimento de governantes — no valor de R$ 7,3 mil entre 7 e 12 de dezembro. Em outubro, os cofres da União investiram R$ 31 mil na viagem da diretora para Genebra, na Suíça, onde ocorria o Fórum Social dos Direitos Humanos, promovido pela ONU .
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