Bolsonaro indica que ‘um candidato de São Paulo’ e Vitor Hugo são favoritos para o MEC
Durante o anúncio de que testou positivo para Covid-19, Jair Bolsonaro também comentou a situação do Ministério da Educação, sem titular empossado desde o último dia 18. O presidente disse que o MEC é um "ministério bastante complexo"...
Durante o anúncio de que testou positivo para Covid-19, Jair Bolsonaro também comentou a situação do Ministério da Educação, sem titular empossado desde o último dia 18.
O presidente disse que o MEC é um “ministério bastante complexo” e afirmou que “a política do Paulo Freire não deu certo”.
Ainda segundo ele, existe um “certo aparelhamento” no ministério e “muita gente quer ser ministro”, mas declina do convite “quando vê o tamanho do problema”.
“Ninguém quer chegar lá dando murro em ponta de faca.”
Bolsonaro disse que “gostaria de decidir hoje” o nome do novo ministro.
Ele citou “um candidato do estado de São Paulo” e o deputado Vitor Hugo, líder do governo na Câmara, como cotados.
Vitor Hugo é major do Exército e mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. O deputado é formado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras e em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito, da Universidade Federal do Rio (UFRJ).
O parlamentar recebeu uma ligação do próprio Bolsonaro no fim de semana, e a possibilidade de assumir o MEC foi tratada durante a conversa. Na segunda-feira, os dois almoçaram juntos no Palácio do Planalto.
Nos bastidores, entretanto, há resistência ao nome de Vitor Hugo para o comando do ministério, principalmente entre ministros militares que estão acima dele na hierarquia do Exército e membros da bancada evangélica.
O Ministério da Educação, que está sem comando há quase 20 dias, vem sendo uma das pastas mais turbulentas do governo Bolsonaro. O primeiro a ocupá-la foi Ricardo Vélez Rodríguez — que ficou apenas três meses no cargo e caiu após perder o apoio da chamada “ala ideológica” do governo.
Em seu lugar, assumiu Abraham Weintraub, que se transformou em alvo de setores ligados à educação, mas sempre contou com o apoio dos filhos de Bolsonaro, do próprio presidente e do grupo mais “ideológico”. Muitas vezes, o agora ex-ministro se comportou como um entusiasmado militante do bolsonarismo.
A situação de Weintraub começou a ficar mais delicada a partir da fatídica reunião ministerial de 22 de abril. Quando o vídeo do encontro foi divulgado por autorização do Supremo Tribunal Federal, chamaram atenção os xingamentos e ataques do então ministro aos integrantes do STF — a quem chamou de “vagabundos”.
“Eu acho que é isso que a gente está perdendo, e está perdendo mesmo. O povo está querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”, disse Weintraub na reunião.
A saída de Weintraub do MEC foi anunciada pelo próprio ministro em um vídeo em que estava ao lado de Bolsonaro. Ele logo viajou para os Estados Unidos, onde ganhou um cargo no Banco Mundial por indicação do governo brasileiro. No Brasil, críticos do ex-ministro o acusaram de ter fugido do país com medo de ser preso.
Por fim, Bolsonaro decidiu mudar a rota no MEC e escolheu um nome apontado como técnico — o de Carlos Alberto Decotelli, que chegou a ser anunciado como novo ministro da Educação.
A escolha logo se revelou um fracasso, pois instituições de ensino se manifestaram publicamente esclarecendo que Decotelli não possuía alguns títulos acadêmicos que havia incluído em seu currículo. Ele também foi acusado de plágio em sua tese de mestrado.
O reitor da Universidade Nacional de Rosário (Argentina), Franco Bartolacci, disse a O Antagonista que Decotelli foi reprovado no exame de qualificação pela banca de doutorado em administração. E o detalhe: mesmo sem ter sido empossado, Decotelli havia incluído o cargo de ministro da Educação no seu currículo.
Atualização feita em 07/07/2020, às 15h26.
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