Para Bolsonaro, Moraes age contra lei e usa “criatividade” em denúncias
"Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar", diz o ex-presidente após indiciamento a PF
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quebrou o silêncio nesta quinta-feira,21, após ser formalmente indiciado pela Polícia Federal (PF) sob acusações de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e atentado contra o Estado Democrático de Direito.
Em entrevista ao portal Metrópoles, Bolsonaro não poupou críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelos processos relacionados ao ex-presidente. Cabe a Moraes encaminhar o inquérito à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se transforma as acusações em denúncia formal. “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, declarou o ex-presidente.
Bolsonaro reforçou que a PGR será determinante na próxima etapa do processo. “Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, afirmou.
Criatividade
Em sua página na rede social X, Bolsonaro explicou que a referência ao termo “criatividade” é uma alusão a uma mensagem de Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes, a Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral. “Use a sua criatividade rsrsrs”, teria escrito Vieira ao responder a Tagliaferro sobre a dificuldade de formalizar uma denúncia.
Pena estimada
Segundo a PF, os crimes atribuídos a Bolsonaro podem render até 30 anos de prisão. As investigações apontam que ele, seus ex-ministros e aliados buscaram impedir a posse de Lula, eleito em presidente em 2022. Apesar disso, a defesa do ex-presidente insiste que ele “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.
Os indícios da tentativa de Golpe
Entre as provas reunidas, está o depoimento do ex-comandante do Exército, Freire Gomes, que revelou um encontro com Bolsonaro e outros líderes militares em dezembro de 2022. Na reunião, o então presidente teria explorado a possibilidade de usar mecanismos como Garantia da Lei e da Ordem (GLO), Estado de Defesa ou Estado de Sítio para barrar a posse de Lula.
Outro episódio relevante para as investigações aconteceu em julho de 2022, no Palácio do Planalto, em um encontro que, segundo a PF, tinha “teor golpista”. Na ocasião, Bolsonaro teria incentivado ações específicas antes das eleições. “Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”, declarou o ex-presidente na época.
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