Bolsonaristas dizem que vídeo não é “bala de prata”. Só se engolirem a “bala de prata”
Os bolsonaristas estão em festa. Dizem que o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril está longe de ser uma "bala de prata" porque não provaria que o presidente da República quis interferir na cúpula da Polícia Federal. A prova que Jair Bolsonaro interferiu politicamente na cúpula da Polícia Federal é que ele efetivamente o fez, no dia seguinte ao da reunião, ao exonerar Maurício Valeixo da direção-geral da PF e levar a que Sergio Moro saísse do governo...
Os bolsonaristas estão em festa. Dizem que o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril está longe de ser uma “bala de prata” porque não provaria que o presidente da República quis interferir na cúpula da Polícia Federal.
A prova que Jair Bolsonaro interferiu politicamente na cúpula da Polícia Federal é que ele efetivamente o fez, no dia seguinte ao da reunião, ao exonerar Maurício Valeixo da direção-geral da PF e levar a que Sergio Moro saísse do governo.
A prova que Jair Bolsonaro interferiu politicamente na cúpula da Polícia Federal é que ele mandou mensagens para Moro, nos dias 22 e 23 de abril, com link para uma nota de O Antagonista, intitulada “PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas” — e, na segunda vez, escreveu “mais um motivo para a troca” do comando da PF.
A prova que Jair Bolsonaro interferiu politicamente na cúpula da PF foi que ele quis colocar no lugar de Valeixo o seu amigo Alexandre Ramagem, chefe da Abin.
A prova que Jair Bolsonaro interferiu politicamente na cúpula da PF e não estava preocupado com a sua segurança pessoal, ao contrário do que afirma, é que ele promoveu o responsável pela sua segurança em março. Ninguém promove quem não tem competência.
No vídeo da reunião que os bolsonaristas comemoram por não ser a “bala de prata”, Bolsonaro disse: “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira.” O “segurança nossa no Rio de Janeiro” que ele queria trocar era, na verdade, o superintendente da PF no estado e, para isso, precisava remover Valeixo da direção-geral, mesmo que tivesse de “trocar o ministro”, como acabou fazendo. A primeira providência do novo diretor-geral da PF foi substituir o superintendente no Rio.
No vídeo da reunião que os bolsonaristas comemoram por não ser a “bala de prata”, Bolsonaro afirma: “A pessoa tem que entender. Se não quer entender, paciência, pô! E eu tenho o poder e vou interferir em todos os ministérios, sem exceção. Nos bancos eu falo com o Paulo Guedes, se tiver que interferir. Nunca tive problema com ele, zero problema com Paulo Guedes. Agora os demais, vou! Eu não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações.” Como dissemos, por essa fala, simplesmente, Bolsonaro sempre poderá argumentar que estava se referindo aos relatórios de inteligência da Polícia Federal que abastecem normalmente o presidente da República. O contexto, no entanto, mostra cronologicamente que a história é outra. O então ministro da Justiça não quis “entender”.
Na reunião, Moro sabia a que Bolsonaro estava se referindo quando disse que não podia ser surpreendido com notícias e que a PF não lhe dava informações: ao “mais um motivo para a troca”. E, agora, o Brasil inteiro também sabe, não importam as versões da militância bolsonarista e os arranjos em Brasília para engolir a “bala de prata”.
Jair Bolsonaro interferiu politicamente na cúpula da PF, para livrar a família, aliados e amigos de investigações. Fato.
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