Aumento no preço do feijão até o final do ano
Expectativa de alta de até 40% no preço do feijão, refletindo a pressão inflacionária e os desafios na produção agrícola.
O Brasil enfrenta em 2024 a maior seca dos últimos 44 anos, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). Esta situação, que já se prolonga por um ano, está causando grandes prejuízos, especialmente para pequenos produtores rurais que não dispõem de sistemas de irrigação adequados.
A agricultura familiar, responsável por cerca de 70% dos alimentos consumidos no Brasil, é a mais prejudicada. A falta de chuvas não só compromete a produção, como também aumenta a ocorrência de incêndios, danificando ainda mais o setor agrícola em regiões como São Paulo, onde a lavoura de cana-de-açúcar é fortemente afetada.
Impactos da Seca no Preço dos Alimentos
Em tempos de seca, o preço de alimentos como feijão, carne bovina e laranja tende a subir. Vamos analisar como a estiagem afeta esses produtos essenciais na mesa dos brasileiros e quais são as previsões para os preços até o final do ano.
Produção de Feijão em Crise
A produção de feijão carioca, um dos mais consumidos no Brasil, está sendo duramente atingida pela falta de chuvas. Marcelo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe), afirma que aproximadamente 80% das últimas 10 safras foram impactadas negativamente pela estiagem. O ciclo curto de cultivo do feijão, que dura cerca de 70 dias, torna a planta particularmente vulnerável à falta de água.
Fatores que Prejudicam a Produção de Feijão
- Ausência de Chuva: Períodos secos, mesmo que curtos, afetam gravemente as plantações.
- Disseminação de Pragas: A seca favorece doenças como o mosaico-dourado, disseminado pela mosca-branca.
- Redução das Safras: A 2ª safra sofreu uma redução de 15% e a 3ª, de 11%.
Esses elementos são responsáveis por um aumento de até 40% no preço do feijão carioca até o fim do ano, de acordo com Lüders.
Preço da Carne Bovina em Alta
A prolongada seca degrada pastos e retarda a engorda dos bovinos, diminuindo a oferta de carne no mercado. Fernando Henrique Iglesias, economista da consultoria Safras & Mercado, indica que essa situação tende a elevar os preços das carnes, dado o cenário de alta demanda interna e boas exportações.
Fatores de Alta no Preço da Carne
- Pastos Degradados: A qualidade do pasto cai em tempos de seca.
- Incêndios: Incêndios destroem reservas alimentares para o gado.
- Alta Demanda: A demanda interna e externa pelas carnes está em alta.
Segundo Iglesias, a forte demanda pelo produto, tanto nacional como internacionalmente, resulta em preços mais altos para a carne bovina no mercado interno brasileiro.
Laranja e Suco de Laranja Mais Caros
Os preços da laranja e do suco de laranja têm subido, e a tendência é que continuem a aumentar devido à seca. Além da falta de água, temperaturas altas e doenças como o greening deterioram a qualidade e a quantidade da produção.
Desafios na produção de Laranja
- Estresse Hídrico: A falta de água afeta negativamente o florescimento.
- Temperaturas Elevadas: Calor excessivo durante a floração causa a perda de frutos.
- Doenças: O greening reduz a produtividade.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) indicou que o preço do suco de laranja subiu 7,46% e da laranja pera 41,12% nos últimos 12 meses. Fernanda Geraldini, pesquisadora do Cepea/Esalq – USP, aponta que o Brasil pode levar até três safras para recompor o estoque de suco, mantendo os preços elevados por um período prolongado.
Soluções Possíveis para Pequenos Agricultores
Embora a irrigação seja uma solução óbvia para a seca, poucos agricultores têm acesso a essa tecnologia. Sandra Bonetti, secretária de meio ambiente da Contag, explica que sistemas de irrigação demandam grandes investimentos que estão fora do alcance da maioria dos pequenos produtores.
Alternativas para Pequenos Produtores
- Águas de Reuso: A reutilização de água pode ser uma alternativa viável.
- Cisternas: Armazenar água da chuva para períodos de seca.
- Agroflorestas: Integrar árvores às lavouras para manter a umidade do solo.
Essas alternativas podem oferecer algum alívio, mas a severidade e duração da seca mostram que os pequenos agricultores são particularmente vulneráveis, especialmente em regiões como o Norte do país.
Secas Frequentes no Futuro?
A estiagem atual é resultado de uma combinação de fatores climáticos, incluindo o evento El Niño de 2023, que reduziu as chuvas e aumentou as temperaturas. O desmatamento da Amazônia agrava ainda mais a situação, dada a importância da floresta no regime de chuvas do país.
Expectativas para o Futuro
- La Niña: Previsto para setembro de 2024, pode trazer chuvas, mas não resolverá completamente a situação.
- Aquecimento Global: Projeções do IPCC indicam um aumento de 1,5°C na temperatura global até 2050.
Esses fatores indicam a necessidade urgente de mudanças na gestão dos recursos hídricos e nas práticas agrícolas para enfrentar secas mais frequentes e intensas no Brasil.
Créditos: depositphotos.com / VadimVasenin
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