“As autoridades demoraram para agir”, diz ex-presidente do Ibama, sobre Rio Madeira
O governo demorou a agir contra as balsas de garimpo no Rio Madeira, e ainda adota um discurso que estimula atividades do tipo. A avaliação é de Suely Araújo, especialista do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama. "Pessoalmente, acho até que as autoridades demoraram para agir, porque há notícias de que...
O governo demorou a agir contra as balsas de garimpo no Rio Madeira, e ainda adota um discurso que estimula atividades do tipo. A avaliação é de Suely Araújo, especialista do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama.
“Pessoalmente, acho até que as autoridades demoraram para agir, porque há notícias de que eles [garimpeiros] estavam indo para Autazes (AM) parece que há quase um mês”, disse Araújo, em entrevista a O Antagonista nesta segunda (29).
Na manhã de hoje, o ministro da Justiça, Anderson Torres, publicou no Twitter um vídeo da operação do governo. “131 balsas foram apreendidas e destruídas”, escreveu.
Fotos da aglomeração de balsas circulam nas redes desde pelo menos a manhã de quarta-feira passada (24).
Araújo também criticou o fato de que o governo avisou sobre a operação com antecedência.
“Eles [garimpeiros] souberam, né, há aúdios divulgados dos líderes falando em dispersão. O que governo está pegando lá agora é uma parte das balsas (…) Dessa vez, a quantidade de balsas estava muito grande, muito afrontosa”.
Para a ex-presidente do Ibama, os discursos de Bolsonaro também contribuíram para uma aglomeração sem precedentes de balsas de garimpo. “O aumento, na verdade, da quantidade de balsas, essa meio que afronta à lei, ‘estamos todos juntos, nós sabemos que é ilegal, mas nós estamos indo para lá’, isso de certa forma é estimulado pelo governo Bolsonaro quando faz a narrativa contra os órgãos ambientais, contra as autoridades, as regras ambientais, quando estimula, sempre falando do garimpo como se fosse uma coisa sem problema”.
“É uma atividade totalmente ilegal, sem respaldo, que ocorre há muitos anos no Madeira (…) Nesse tipo de atividade, o principal dano é causado pelo mercúrio, que eles usam paa separar o ouro. O mercúrio é um metal pesado que causa muitos problemas para a saúde humana e contamina o pescado, então toda a população da região pode ser prejudicada”.
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