Arma que matou Marielle saiu de apreensão da Polícia Civil?
Possibilidade foi sugerida por Ronnie Lessa, assassino confesso do crime, em depoimento na terça-feira, 27
O ex-policial Ronnie Lessa (foto), assassino confesso da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, indicou na terça-feira, 27, que a arma utilizada no crime pode ter sido retirada de algum arsenal apreendido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Em depoimento, ele disse ter recebido a submetralhadora HK MP5 de Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, ex-PM, assassinado em 2021, que atuou como intermediário entre Lessa e os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão.
Segundo o delator, no entanto, Macalé lhe contou ter conseguido a arma com Robson Calixto Fonseca, o Peixe, assessor de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ).
Ronnie Lessa disse ainda que uma das exigências feitas a ele era que a arma fosse devolvida rapidamente, possivelmente, segundo o ex-PM, para que sua ausência não fosse notada.
“O que nos garante que essa arma não saiu das apreensões da Polícia Civil? Quem nos garante que já teria sido dada baixa nela, ou seja, que seria destruída?”, questionou Lessa.
“Nós tínhamos uma peça importante ao nosso lado, que era o doutor Rivaldo, que era o chefe da Polícia Civil e, no passado, havia sido responsável pela DFAE [antiga Delegacia de Fiscalização de Armas e Explosivos, que atualmente se transformou na Coordenadoria de Fiscalização de Armas e Explosivos]”, acrescentou.
A influência dos irmãos Brazão na polícia do RJ
No depoimento, Ronnie Lessa descreveu detalhes de como os irmãos Brazão corrompiam a Segurança Pública no Rio de Janeiro.
Ele afirmou que Domingos e Chiquinho Brazão transferiam delegados que não lhe eram subordinados.
“Porque a corrupção tá em todas as esferas, pô! Então, simplesmente, o delegado não quer fazer o que eles querem, tira ele, pô! É assim que funciona. E eles, na verdade, deixa eu só concluir aqui, eles, na verdade, tanto o Chiquinho quanto o Domingos, eles próprios têm essa bagagem. Eles mesmos botam e tiram o delegado de onde quiserem. Seria influência política, mas acho que eles precisavam exatamente disso. A gente tá lidando com a cúpula, tá?”, disse Lessa.
O ex-policial também relatou que inquéritos eram destruídos com fogo, mas que a digitalização dos registros dificultou o processo de acobertamento.
“Então, vai lá e fala com ele (policial) que tem um negócio assim assado pra andar ou tem um inquérito pra jogar fora. Agora, como digitalizou, tá mais difícil. Mas antes, era pegar inquérito, jogar debaixo do braço, jogar gasolina e tacar fogo. Era por aí. Funcionava. Então sumiam estantes inteiras de processos. Isso quando era físico. Então, depois que digitalizou, a coisa ficou um pouco mais difícil. O que eles fazem hoje? Eles podem tentar manipular o processo. O inquérito manipula, desvia pra outro foco, por aí. Mas, antigamente, não. Pegava o processo dessa grossura, um palmo de grossura, botava debaixo do braço, apertava a mão, deixava 50 mil reais e ia embora”, afirmou.
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