Após bagunça com vacinação de adolescentes, governo celebra “empenho” para vacinar população
O governo Bolsonaro, acredite se quiser, celebrou nesta segunda (27) o próprio "empenho" para "vacinar toda a população". Em comunicado à imprensa enumerando as façanhas de mil dias da administração, a Secom escreveu: "E o empenho do Governo Federal para vacinar toda a população atinge marcas...
O governo Bolsonaro, acredite se quiser, celebrou nesta segunda (27) o próprio “empenho” para “vacinar toda a população”.
Em comunicado à imprensa enumerando as façanhas de mil dias da administração, a Secom escreveu: “E o empenho do Governo Federal para vacinar toda a população atinge marcas importantes, como a média móvel de casos e de mortes que já apresenta queda de mais de 70%. Mais de 267 milhões de doses já foram distribuídas. Dessas, 222 milhões já foram aplicadas nos braços dos brasileiros”.
Há apenas 12 dias, o Ministério da Saúde retirou do programa nacional de imunização os adolescentes sem comorbidades, sem qualquer motivo. O próprio Marcelo Queiroga admitiu, em coletiva de imprensa, que foi cobrado pelo presidente sobre a “questão dos adolescentes”.
Na quarta passada (22), os adolescentes sem comorbidades foram reincluídos no programa. Na prática, vários estados e municípios ignoraram a trapalhada do ministério e prosseguiram a vacinação de todos os adolescentes. Quando saiu a nota técnica excluindo os jovens sem comorbidades, 3,5 milhões de adolescentes já haviam recebido a 1ª dose, sendo 2,4 milhões no estado de São Paulo.
O governo demorou muito para registrar “empenho” para vacinar toda a população – inclusive literalmente, no sentido de empenhar dinheiro para comprar vacinas.
O Brasil terminou 2020 com apenas um contrato de compra de vacinas – o acordo para a Fiocruz envasar 100,4 milhões de doses da vacina da AstraZeneca. Como é uma vacina em duas doses, isso seria suficiente para vacinar 50,2 milhões de pessoas, menos de um quarto da população.
Apenas no começo deste ano o governo assinou contrato com o Butantan para comprar a Coronavac – 46 milhões de doses em janeiro e 54 milhões em fevereiro. O acordo prevê a entrega do total de 100 milhões de doses até o fim deste mês de setembro.
Em fevereiro, o Ministério da Saúde assinou contrato com a Precisa para comprar 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, com intenção de comprar outros 50 milhões. Meses depois, na administração Queiroga, esse contrato foi suspenso e depois cancelado, após as revelações dos irmãos Miranda, que foram parar na CPI da Pandemia no Senado.
Apenas em março – depois, portanto, de assinar com a Precisa – o Ministério da Saúde, nos últimos dias da administração Pazuello, assinou contratos com o consórcio Covax (para 42,5 milhões de doses), a Pfizer (100 milhões de doses) e a Janssen (38 millhões de doses). Em maio, Queiroga comprou outros 100 milhões de doses da Pfizer, por quase R$ 1 bilhão a mais que o contrato anterior.
No fim de agosto, o governo enviou ao Congresso o Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2022, reservando R$ 3,9 bilhões para a compra de vacinas contra a Covid – menos de 15% do orçamento autorizado para este ano.
Relembre: Queiroga: Bolsonaro (que ainda não se vacinou) está “pessoalmente empenhado” com vacinação
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