Apagão e denúncias requentadas marcam primeiro debate entre Nunes e Boulos
Atrás das pesquisas, o deputado federal teve uma atitude mais agressiva em relação ao prefeito de São Paulo
O primeiro debate entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo foi marcado por uma intensa troca de farpas entre os dois sobre o apagão na capital paulista e sobre assuntos já abordados ao longo da campanha como as investigações da Polícia Federal (PF) que miram aliados do prefeito e a forma como deputado federal livrou o colega André Janones (Avante) sobre as acusações do crime de rachadinha.
Apesar do clima tenso em boa parte do debate, houve momentos de descontração. O principal deles foi protagonizado por Nunes, quando ele disse que não iria ser intimidado por Boulos e deu um abraço no adversário durante o programa (foto).
“Você tá bem?”, disse o prefeito ao abraçar o deputado. “Eu tô bem, e você, tudo firme?”, respondeu Boulos. “Você não vai me intimidar”, declarou Nunes. “Jamais”, respondeu Boulos. “Eu vim da periferia do Parque Santo Antônio, não tenho medo de nada, só de Deus”, alfinetou o emedebista.
Nunes também bancou Pablo Marçal e, no primeiro bloco, disse que o parlamentar “não sabe muito bem o que é trabalhar”.
Primeiramente, o candidato do PSOL questionou se Nunes havia recebido “um cheque que a Polícia Federal teria dito que foi pela administradora de uma creche”.
Nunes respondeu à alegação de Boulos:
“Eu faço 2 mil serviços por dia. É que você não sabe muito bem o que é trabalhar. Você tem essa dificuldade, né. Mas deixa eu falar uma coisa para você, Guilherme, quando a gente trabalha e acorda cedo… você imagina uma empresa que tenho orgulho. Ela faz dois mil serviços por dia. Todos os recebimentos que eu tive na minha empresa, não têm nada de errado.”
Podas de árvore marcaram o início do debate
No início do debate, Boulos cobrou de Nunes uma postura mais proativa em relação à poda de árvores, o que, na visão do deputado federal, poderia atenuar os transtornos aos paulistanos. Nunes, por sua vez, justificou que parte dessa poda é de responsabilidade da distribuidora Enel. Ao menos em um ponto os dois concordaram: ambos pediram a saída da empresa de energia.
“São dois grandes responsáveis [pela falta de energia]: a Enel, que presta um serviço horroroso e eu, como prefeito de São Paulo, vou trabalhar para tirar ela daqui. E o Ricardo Nunes, porque não fez o básico, a lição de casa: poda de árvore. E olha que a gente teve um apagão há menos de um ano, e nada foi feito. A cidade está refém dessas duas incompetências: da Enel e do prefeito”, disse Boulos.
“Realmente (o apagão) é algo muito triste, que deixa a gente profundamente magoado. É inaceitável o que essa empresa Enel tem feito com São Paulo. É inaceitável que o governo federal, que detém a concessão, que detém a fiscalização, não tenha feito nada. Eu fui até Brasília pedir a rescisão do contrato”, rebateu o prefeito de São Paulo.
Ao longo do debate, Boulos tentou encurralar Nunes sobre as investigações da PF que miram seus aliados na chamada ‘máfia das creches’. Em determinado momento do debate, Boulos desafiou Nunes a abrir seu sigilo bancário para provar que ele não recebeu recursos de origem ilícita; Nunes, por sua vez, tergiversou. “Sou temente a Deus, minha vida é de correção.”
Nunes também voltou a citar que Boulos livrou Janones da acusação de rachadinha ao relembrar o parecer emitido pelo deputado no Conselho de Ética recomendando o arquivamento da denúncia por quebra decoro parlamentar. Sobrou até para o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, citado por Nunes como uma péssima administração do PSOL de Boulos.
“Você fez o que como deputado? Só fez passar pano na rachadinha do Janones e passar pano na Enel”, disse Nunes a Boulos, que respondeu:
“Rachadinha para mim é crime sendo do Janones, sendo do Flávio Bolsonaro, que eu seu amigo. Agora, já que você trouxe isso, eu nunca fiz rachadinha, você fez a rachadinha da creches.”
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