Análise: Fritura de Marcos Cintra começou com Gilmar Mendes e terminou com Jair Bolsonaro
A divulgação de estudos não autorizados sobre a nova CPMF, durante seminário ontem no Sindifisco, serviu como uma 'janela de oportunidade' para a demissão de Marcos Cintra - publicada com exclusividade por O Antagonista...
A divulgação de estudos não autorizados sobre a nova CPMF, durante seminário ontem no Sindifisco, serviu como uma ‘janela de oportunidade’ para a demissão de Marcos Cintra – publicada com exclusividade por O Antagonista.
Sua fritura, porém, começou há meses.
O agora ex-secretário especial da Receita ficou no fogo cruzado entre a ofensiva de Gilmar Mendes contra a investigação de seu patrimônio familiar e a pressão contrária do sindicato dos auditores em defesa de suas prerrogativas.
Os auditores também pressionaram Cintra a demitir o chefe da área de inteligência do Fisco, Ricardo Feitosa, que teria sido indicado pelo ministro do Supremo. Gilmar sempre negou, mas ninguém na Receita até hoje entendeu a nomeação de um servidor sem experiência para o cargo.
O desgaste se agravou com a ordem de Jair Bolsonaro de substituir o delegado da alfândega do Porto de Itajaí e o próprio superintendente da Receita no Rio. Em reação, os auditores ameaçaram renúncia coletiva.
Para tentar aliviar a pressão, Cintra chegou a demitir o auditor João Paulo Ramos Fachada, o número dois da Receita – o que acabou parte da equipe.
Nas últimas semanas, o secretário cobrava em vão dos subordinados o atendimento a demandas do ministro Bruno Dantas, do TCU, relacionadas à investigação contra auditores que acessaram dados fiscais de políticos e autoridades do Judiciário.
Ontem, o adjunto de Cintra na Receita, Marcelo de Sousa, participou de um evento do Sindifisco onde apresentou slides de parte da proposta de reforma tributária de Guedes, violando um acordo estabelecido na véspera para que nada vazasse até o anúncio oficial.
O próprio ministro já havia confirmado à imprensa a recriação do imposto, mas queria formalizar com uma apresentação completa, que trataria da substituição de nove impostos por três. Foi a gota d’água.
A ideia de recriar a CPMF (sob outro nome) vem atormentando Bolsonaro desde a campanha eleitoral e voltou a ocupar o noticiário, inflamando as redes sociais no momento em que o presidente se recupera da última cirurgia.
À noite, o ministro Paulo Guedes já avaliava o estrago e, hoje, em almoço com o vice-presidente, Hamilton Mourão, entendeu que a situação se tornara insustentável e que poderia ser uma oportunidade para desfazer vários nós.
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