Amorim se diz “chocado” com decisão de Maduro sobre embaixada
Ditadura venezuelana retirou custódia do Brasil sobre edifício que abriga seis membros da oposição em Caracas
O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, classificou como “extremamente estranha” a decisão da ditadura de Nicolás Maduro de revogar unilateralmente a custódia diplomática do Brasil sobre a Embaixada da Argentina em Caracas.
“Eu acho extremamente estranha a atitude da Venezuela, figura corrente do direito internacional é a proteção internacional de interesses. Para mim, é uma coisa que me chama a atenção, e me choca muito”, afirmou o ex-chanceler brasileiro no sábado, 7 de setembro, ao G1.
Amorim disse ainda estar preocupado com uma escalada de tensão no país vizinho e nas relações entre Brasil e Venezuela.
“Não tem cabimento isso. Eu acho que esse é um assunto tipicamente diplomático. Claro que tem repercussões políticas. O Itamaraty respondeu corretamente e lamentamos muito a situação”, acrescentou.
Em nota divulgada no sábado, o Itamaraty informou que a embaixada ainda está sob proteção diplomática do Brasil e que cabe à Argentina indicar um país substituto para representá-la na Venezuela.
As forças de Maduro impuseram um cerco ao edifício em Caracas. Segundo os seis opositores asilados no local, homens encapuzados cercam a embaixada.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram veículos das forças de segurança com as sirenes ligadas nos arredores do prédio. Os seis dissidentes estão abrigados na embaixada e podem ser presos se deixarem o local.
Maduro alega “planejamento de atos terroristas”
A ditadura de Nicolás Maduro alegou em comunicado, sem apresentar nenhuma prova, que a Embaixada da Argentina em Caracas era utilizada para planejar “atividades terroristas e tentativas de assassinato”.
“A Venezuela é obrigada a tomar esta decisão motivada pelas provas disponíveis sobre a utilização das instalações dessa missão diplomática para o planejamento de atividades terroristas e tentativas de assassinato contra o Presidente Constitucional da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro Moros, e contra a Vice-Presidente Executiva, Delcy Rodríguez Gómez, pelos fugitivos da justiça venezuelana que permanecem no interior”, afirma o texto do regime.
O comunicado do governo Maduro acrescenta ainda que tanto o Brasil quanto a Argentina foram notificados da decisão por meio de “canais diplomáticos”.
“Muito preocupante”
Na semana passada, Celso Amorim chamou de “muito preocupante” o mandado de prisão contra o ex-presidenciável da oposição Edmundo González
“Seria uma prisão política, e nós [Brasil] não aceitamos prisões políticas”, disse Amorim em entrevista à agência de notícias Reuters nesta terça, 3.
O assessor especial omite a existência de presos políticos na Venezuela.
Segundo a ONG venezuelana Foro Penal, havia 245 prisioneiros políticos em centros de detenção pelo país em 2023. Em um deles, El Helicoide, em Caracas, os presos são submetidos a “tortura horrenda, incluindo choques elétricos, afogamento simulado e violência sexual”.
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