Alguns pontos sobre o cessar-fogo entre Israel e Hezbollah
O cerne do acordo de cessar-fogo é o deslocamento das Forças Armadas Libanesas para o sul do Líbano, atuando como uma zona tampão entre Israel e o Hezbollah
Após mais de 13 meses de conflito, Israel e o grupo militante Hezbollah chegaram a um acordo de cessar-fogo, conforme anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na última terça-feira, 26 de novembro.
O conflito resultou em quase 4.000 mortes entre combatentes do Hezbollah e civis libaneses, além de mais de 100 civis e soldados israelenses. Estima-se que aproximadamente 60.000 israelenses e 1,2 milhão de libaneses tenham sido deslocados devido às hostilidades.
O cerne do acordo de cessar-fogo é o deslocamento das Forças Armadas Libanesas para o sul do Líbano, atuando como uma zona tampão entre Israel e o Hezbollah. No entanto, ainda há incertezas sobre a situação geral da região.
As perdas do Hezbollah
Desde que o Hezbollah se envolveu nos combates, um dia após os ataques mortais do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel, que resultaram em cerca de 1.200 mortes israelenses, o grupo sofreu perdas significativas. O Hezbollah enfrentou ataques devastadores por parte de Israel.
As operações israelenses incluíram sabotagem tecnológica e ataques aéreos que atingiram duramente as fileiras do Hezbollah, inclusive resultando na morte de líderes importantes como Hassan Nasrallah. Relatos indicam que metade do arsenal de foguetes e mísseis do Hezbollah foi destruída, juntamente com túneis e posições ao longo da fronteira.
Apesar das perdas significativas sofridas pelo Hezbollah, o grupo continua capaz de lançar ataques contra Israel. No entanto, sua capacidade foi reduzida e sua liderança encontra-se desorganizada.
Possibilidade de rearmamento
O futuro rearmamento do Hezbollah é uma preocupação constante. O Irã, que vê no grupo terrorista seu principal aliado na linha de frente contra Israel, pode tentar reequipar o Hezbollah com sistemas mais precisos para aumentar sua eficácia contra Israel.
Além disso, a relação entre Rússia e Irã traz incertezas adicionais ao cenário geopolítico. Com a proximidade crescente entre Moscou e Teerã desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, há especulações sobre possíveis transferências de armamentos russos para o Hezbollah via Síria.
Retorno dos deslocados
O governo israelense prometeu criar condições seguras para os israelenses voltarem às suas residências, mas a possibilidade de retorno dos deslocados para suas casas permanece incerta. Da mesma forma, civis libaneses anseiam por estabilidade para regressar ao sul do Líbano. Contudo, muitos ainda estão apreensivos quanto à segurança nas áreas afetadas.
A confiança abalada nos serviços de inteligência israelenses após falhas críticas aumenta a cautela entre os cidadãos israelenses.
Já os libaneses temem que qualquer sinal de rearmamento do Hezbollah seja interpretado por Israel como um motivo para retomar os bombardeios.
Quanto durará o cessar-fogo?
Quanto à longevidade do cessar-fogo recém-estabelecido, pairam dúvidas sobre sua sustentabilidade.
A eficácia das Forças Armadas Libanesas como força mediadora é questionada devido à sua relativa fraqueza comparada ao Hezbollah.
Essa desconfiança pode levar Israel a realizar ataques preventivos contra potenciais ameaças representadas por sistemas bélicos do Hezbollah ou figuras militares iranianas envolvidas no apoio ao grupo.
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