Alckmin: “Essa coisa de esquerda e direita é meio fora de moda”
Confrontado na Jovem Pan com declarações de membros da alta cúpula do PSDB que reivindicaram o próprio esquerdismo ao longo dos anos – como FHC, José Serra, Aécio Neves e Aloysio Nunes –, e com a sua declaração no segundo turno de 2006 “Sou mais à esquerda (do que Lula) no apreço à democracia e no sentido econômico”, Geraldo Alckmin respondeu...
Confrontado na Jovem Pan com declarações de membros da alta cúpula do PSDB que reivindicaram o próprio esquerdismo ao longo dos anos – como FHC, José Serra, Aécio Neves e Aloysio Nunes –, e com a sua declaração no segundo turno de 2006 “Sou mais à esquerda (do que Lula) no apreço à democracia e no sentido econômico”, Geraldo Alckmin respondeu:
“Na realidade, essa coisa de esquerda e direita é uma coisa meio fora de moda. Isso aí é mais para marinheiro que se orienta pela rosa dos ventos. No mundo moderno, as disputas diminuíram muito. Porque você ter uma política fiscal austera, não deve ser nem de esquerda nem de direita. É de bom senso, para você não quebrar o governo. Então está meio diminuída essa coisa de esquerda e direita.
O que, historicamente, você pode dizer mais à direita ou mais à esquerda?
A extrema direita é o lassaiz-faire: o governo não se mete em nada. Então o grande bate no pequeno, o rico come o pobre, o forte esmaga o fraco. É a incivilização. Ela é incivilizatória.
A esquerda radical é o planejamento estatal: o governo se mete em tudo. Não é adequado.
O que é a social-democracia?
É a economia de mercado, disputa, meritocracia, e com uma visão social. Você não pode desconhecer quem está doente, quem está passando privação, quem tem doença, quem é mais pobre, quem está abaixo da linha da miséria. Não é possível. Nós não estamos na Escandinávia. Nós estamos num dos países não só desiguais, o Brasil é um dos países mais injustos do mundo!
Porque ele é injusto na maneira como tributa. Ele tributa consumo. O mundo inteiro tributa consumo, renda e patrimônio. Nós é: consumo, consumo, consumo. É a mesma alíquota para o pobre e para o milionário, então ela é regressiva. E é injusto como devolve o dinheiro: você escolhe quem quer ser bilionário através do BNDES, os campeões nacionais, e a elite do funcionalismo público. É só ver o INPS. O trabalhador vai aposentar com 1.391 reais até morrer, ganhar de aposentadoria, o setor público, em alguns poderes, chega a 27 mil reais de média. Não é possível. Eu vou lutar contra isso.
Então nós defendemos o que é correto. Que é economia de mercado, liberdade de economia de mercado, de empreendedorismo, governo enxuto, eficiente, agenda de competitividade. Agora é claro que você tem que apoiar quem precisa. Saúde, por exemplo: você paga tanto imposto, ninguém faz favor quando oferece saúde. Quem puder ter plano de saúde, ótimo, vai ter. Quanto mais o país crescer, mais gente vai ter plano de saúde. Maravilha, alivia o SUS. Mas tem uma parte da população que não tem condição, então você tem que garantir isso.
Eu não sou dessa coisa de esquerda, direita. Até porque você pega o Lula: o presidente do Banco Central dele foi o Henrique Meirelles, então essas coisas estão meio fora de lugar. O que nós precisamos é governo que funcione. Desburocratizar, destravar a economia, diminuir o tamanho do Estado, ter mais eficiência e, claro, tem que enxergar quem está sofrendo.”
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