Agamenon: Obstrução mental
Como dizia a minha mãe: "a vida era muito melhor antigamente, quando você ainda não tinha nascido". São essas memórias singelas, carregadas de emoção, que me fazem atravessar a atual fase da minha vida, quando entrei na velhice decrépita e me encaminho rapidamente para o game over final...
Como dizia a minha mãe: “a vida era muito melhor antigamente, quando você ainda não tinha nascido”. São essas memórias singelas, carregadas de emoção, que me fazem atravessar a atual fase da minha vida, quando entrei na velhice decrépita e me encaminho rapidamente para o game over final.
Mas vaso ruim não quebra, como prova o presidente Bolsonarma, que quase bateu os coturnos no começo da semana. Eu estou cagando pro Bolsonaro, mas ele não está cagando para mim, nem para ele e nem para ninguém. Sigam o meu raciocínio tortuoso, como o intestino delgado e grosso. Aliás, no caso do presidente sem exercício, é só o grosso mesmo.
Cansado de não fazer nada o ano inteiro, Bolsonada, exausto, resolveu tirar férias e pegou um avião para Santa Catarina. No meio da viagem, aumentou a gasolina, mas tudo bem: assim que chegou no estado barriga verde, o presidente foi recebido de braços arreganhados pela colônia de bolsonaristas que fugiram da Alemanha com medo do nazismo. Do nazismo acabar, é claro.
Em Santa Catarina o presidanto ficou como um pinto no lixo da História, fazendo o que mais gosta na vida. Andou de jet ski, que o Collor lhe emprestou a juros extorsivos. Negacionista de carteirinha , Bolsossauro declarou que as crianças precisam de receita médica, autorização dos pais e atestado de óbito pra serem vacinadas.
Em seguida, comeu uma peixada, o seu prato preferido. Aliás, o prato preferido da família Bolsonaro, que usa e abusa das peixadas. Guloso, o presidente engoliu um camarão sem mastigar e começou a passar mal — mas eu acho que foi o coitado do camarão quem mais sofreu por ter entrado em contato com o Bolsonaro.
Como é um hetero macho em construção, Bozonaro começou a chorar convulsivamente e ligou para seu médico gritando de dor e falando coisas desconexas e sem o menor sentido. Do outro lado da linha, o doutor achou que o quadro era normal. Mas ele falava merda e não fazia merda nenhuma.
Seu intestino, onde se localiza o sistema nervoso central do presidente, estava obstruído por fezes que estavam duras, como toda a população, aliás. Paciente, o médico lhe recomendou a aplicação de um vigoroso enema no sentido contrário da digestão. Mesmo assolado por dores terríveis, Bolsorabo disse que ninguém ia colocar nada dentro dele e que isso era um perigo. Perigo dele gostar.
Agamenon Mendes Pedreira é gastroenterologista de fim de semana.
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