Agamenon: Golpe tabajara Agamenon: Golpe tabajara
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Agamenon: Golpe tabajara

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Agamenon Mendes Pedreira
4 minutos de leitura 09.01.2023 19:20 comentários
Brasil

Agamenon: Golpe tabajara

Antigamente, o ano só começava depois da festa da firma, do Natal, do Ano Novo e das retrospectivas de fim de ano. Em seguida, vinha o Carnaval e, depois, o final das férias escolares. Aí sim, o ano começava no Brasil...

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Agamenon Mendes Pedreira
4 minutos de leitura 09.01.2023 19:20 comentários 0
Agamenon: Golpe tabajara
Foto: Adriano Machado/O antagonista

Antigamente, o ano só começava depois da festa da firma, do Natal, do Ano Novo e das retrospectivas de fim de ano. Em seguida, vinha o Carnaval e, depois, o final das férias escolares. Aí sim, o ano começava no Brasil.

Acontece que, por causa do aquecimento global, da guerra na Ucrânia e do Tik Tok, a ordem natural das coisas ficou de cabeça pra baixo, vidraças quebradas e palácios vandalizados. Eu estava quieto no meu canto, roendo uma aba de penico, quando fui surpreendido com uma notícia urgente: um grupo de fanáticos estava ocupando o Palácio do Planalto, o STF e o Congresso. Minha primeira reação foi a de incredulidade. Afinal, quem estaria trabalhando em Brasília em pleno domingo, um fato totalmente atípico e fora de propósito? Pensando bem, a partir de quinta-feira, trabalhar em Brasília já é obra onírica de ficção.

Pasmo constatei que era tudo verdade: uma manada de bolsonaristas radicais (um pleonasmo, porque ninguém nunca viu um bolsonarista pacífico na vida) invadiu a Praça dos Três Poderes e começou a quebrar tudo. Geralmente, destruir o patrimônio público demora o tempo de um mandato, mas os vândalos queriam mais: queriam acabar com a democracia e ter a volta de Bolsonazi ao Brasil. Felizmente, a democracia, ao contrário do meu bilau, continua de pé. E o ex-presidente continua exilado na Disney, onde foi visto conspirando com o Capitão Gancho.

Como sempre acontece no Brasil, todo mundo já sabia que isso ia acontecer depois que as coisas acontecem. Tava na cara, na cara-de-pau do governador de Brasília, o político mais botocado do Brasil.

Mas, felizmente, isso não vai ficar por isso mesmo. Neste momento, centenas de comissões, grupos especiais e gabinetes de crise estão reunidos para tomar uma decisão drástica: marcar uma nova reunião amanhã. O que os meus 17 seguidores e meio (não esqueçam do anão) querem saber é quem são os responsáveis por essa barbárie? Quem são os responsáveis?

Os irresponsáveis são, em primeiro lugar, Donald Trump, que mandou invadir o Capitólio em Washington sabendo que, um ano depois, ia ser copiado no Brasil. Em segundo, Rubinho Barichello, quer dizer, em segundo lugar, o Secretário de Segurança de Brasília, Vanderson Torres e o governador Ibaneis Brocha, que se mostrou impotente diante dos baderneiros.

Enquanto os PMs faziam vista grossa diante da turba, uma voz se levantou diante da bandalheira: a cachorra Resistência. A Primeira Cadela atacou os manifestantes que tentavam arrancar o seu osso e lutou com unhas e dentes pelo Estado de Direito. A pet mais famosa do Brasil também mordeu as canelas dos manifestantes terroristas e ainda chamou a carrocinha para levar os terroristas raivosos.

Infelizmente, no Palácio do Planalto, foi perda total. Várias obras de arte de valor incalculável foram destruídas. Só ficaram intocadas as pinturas do artista plástico miamês Romero Brito. Será que os protestos, na verdade, foram uma manifestação crítico-terrorista de arte conceitual? Uma performance?

A polícia, pra variar, não apareceu, pois tinha ordem de não incomodar a bandidagem. Até aí nada de mais. Se uma polícia de verdade fosse encarregada de tomar conta do Congresso brasileiro com todos os parlamentares dentro não iria saber quem prender e quem soltar. Nem o Supremo Tribunal Federal escapou da sanha destruidora. Tacaram fogo na peruca do ministro Luiz Fucs e arrombaram o cofre de habeas corpus do Gilmar Mendes. Um caos, quer dizer, para virar um caos, vamos ter que esperar uns dias, depois que a Dona Janja, de esfregão e balde na mão, der um jeito em toda a bagunça.

Agamenon Mendes Pedreira é crítico de maus costumes da Folha de São Paulo.

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