Agamenon: É dos carecas que eles gostam mais
Nos tempos de polarização, o Brasil vai se desmanchando. Amigos brigam de morte, casais se separam em litígio e parentes só se reúnem para xingar uns aos outros. Desta vez foi a Simone e Simaria que romperam por conta do sucesso do hit presidencial “Tchutchuca do Centrão”. É muita sofrência para um povo só…
Nos tempos de polarização, o Brasil vai se desmanchando. Amigos brigam de morte, casais se separam em litígio e parentes só se reúnem para xingar uns aos outros. Desta vez, foram Simone e Simaria que romperam por causa do sucesso do hit presidencial “Tchutchuca do Centrão”. É muita sofrência para um povo só, minha gente! Onde é que tudo isso vai parar? Na Ciudad del Este? No Hospital de Base? No Instituto Médico Legal? Só falta agora Maiara e Maraísa romperem definitivamente para o tecido social brasileiro virar estopa, o agronegócio ir para o buraco e o sertanejo universitário trancar matrícula por falta de grana para pagar o diploma.
Felizmente nem tudo está perdido, com exceção do meu guarda-chuva. Sou sócio-atleta do Jóquei Clube, entrei de graça no Rio Gastronomia e pude, finalmente, tirar a minha barriga da miséria revirando as latas de lixo e pegando uma xepa nas cocheiras dos cavalos de raça. Todos os meus 17 seguidores e meio (não esqueçam do anão!) sabem que estou na pindaíba e sou mais uma pobre vítima da insegurança alimentar. Insegurança alimentar é o termo que os economistas inventaram para aqueles que têm a segurança de que vão continuar passando fome. Acordo de manhã sem saber se vai ter almoço e, quando não almoço, tenho certeza de que não vai ter janta. Estou tão magro e famélico que até mesmo o consagrado fotógrafo de pobres Sebastião Salgado me recusou como modelo de suas fotos!
Mas, voltando à vaca fria, quer dizer, ao crudo di manzo: a feira de gastronomia carioca me salvou da inanição graças aos abonados frequentadores do local, que, penalizados com a minha magreza esquelética, me alimentaram com os restos gourmets de suas refeições nababescas. Com o bucho cheio de sobras de iguarias caríssimas, consegui voltar ao velho normal e exercer o jornalismo marrom, a segunda mais antiga profissão do mundo. Pratico o jornalismo marrom porque é o único que o meu sistema digestivo consegue produzir, na total ausência do bolo fecal por falta de matéria-prima. No Brasil de hoje, fazer cocô é símbolo de status e prosperidade financeira. Novos-ricos, artistas bregas e o Boninho, só para ostentar, cometem a extravagância de arriar as calças e defecar na frente de todo mundo, só para causar inveja nos outros. E o pior de tudo é que tem um monte de gente colocando o “material” numa quentinha e levando pra casa, com a desculpa de que é “pra dar pro cachorro”. Que cachorro? O Rex, o Totó e o Veludo já viraram churrasco de domingo no ano passado.
Fui convidado para a posse de Alexandre de Moraes no TSE, que reuniu a nata da picaretagem, quer dizer, da politicagem em Brasília. O Kojak do STF conseguiu colocar vários ex-presidentes e futuros presidiários no mesmo recinto. Estavam presentes, além de Jair Bolsonazi, Sarney, Lula, Temer e Dilma Roskoff, a primeira presidenta crossdresser da História do Brasil. Sarney saiu de seu sarcófago no Maranhão Antigo e Temer veio direto da Transilvânia para o apavorante evento. Lula não falou com Bolsonaro, Dilma não falou com Temer e eu nem cheguei perto de nenhum deles, com medo de que batessem a minha carteira. Para variar, a Polícia Federal não apareceu.
O discurso de Moraes fez barba, cabelo e bigode de Bolsonaba, pela defesa intransigente e vigorosa da urna e da tornozeleira eletrônica. Ao contrário do Xandão, Bolsonarma ficou de cabelo em pé com as indiretas do ministro. Segundo os analistas da GloboNews que ainda não foram despedidos, o presidente foi comprar lã e acabou togado. Aplaudido de pé, Moraes humilhou Bozonaro, que, se pudesse, puxaria seu revólver para praticar o tiro ao calvo.
E a chapa (eleitoral) vai esquentar ainda mais, agora que começou a propaganda gratuita na televisão. Enquanto jornalista isento, imparcial e mau-caráter, eu estou mais interessado é nas fake news e nas fofoca news. Meu lema é: mentir sempre, mesmo que seja necessário faltar com a verdade! As milícias digitais, comandadas pelo Cartucho Bolsonaro, já colocaram nas redes uma série de mentiras deslavadas: Lula vai legalizar o aborto de maconheiros, Dilma vai trocar de sexo e virar mulher e Putin promete invadir o Brasil se o PT ganhar.
E os artistas já estão declarando os seus votos, mesmo sem declarar os seus rendimentos à Receita Federal. Anitta está com Lula e já fez uma nova tatuagem anal: FOra BOlsonarO! Aproveitando a letra “O”, que já vem de fábrica. Os sertanejos pecuaristas já prometeram que o gado vai votar em peso em Bolsonaro. Os racistas, desiludidos com os rumos da política, vão votar em branco. Muitos candidatos não vão comparecer aos debates, e é por isso mesmo que eu defendo a ideia de que a eleição deve ser decidida no TikTok: quem obtiver mais likes na dancinha, leva.
Agamenon Mendes Pedreira é evangélico apostólico kardecista.
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