Advogados negam que Bolsonaro tenha admitido culpa
Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro, afirmou que a minuta mencionada no ato refere-se ao documento entregue por ele ao ex-presidente, na condição de advogado, em 18 de outubro de 2023
Os advogados de Jair Bolsonaro (PL) negaram nesta terça-feira, 27, que o ex-presidente tenha admitido culpa ao mencionar a minuta do golpe durante discurso no ato promovido na avenida Paulista, no domingo, 25.
“Se as autoridades competentes entendem que a fala do presidente no ato é uma assunção de culpa, até o presente momento, não há prova nenhuma contra o presidente e contra ninguém”, disse Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social, após chegar à sede da Polícia Federal em São Paulo, onde Bolsonaro prestou depoimento no inquérito que apura se ele importunou intencionalmente uma baleia-jubarte em São Sebastião, no litoral paulista.
Paulo Cunha Bueno, outro advogado de Bolsonaro, afirmou que a minuta mencionada refere-se ao documento entregue por ele ao ex-presidente, na condição de advogado, em 18 de outubro de 2023.
“Ele comentava sobre algo que ele teve conhecimento muito tempo depois”, disse Bueno.
“Se as autoridades policiais veem nisso uma forma de confissão, a defesa entende que o que se assiste é realmente uma pobreza muito grande de elemento nessa investigação semi-secreta a qual a defesa não tem acesso e, ao que parece, justamente pela fraqueza de seus elementos”, acrescentou.
PF vai reforçar a tese da ‘minuta do golpe’
Como mostrou O Antagonista, investigadores da Polícia Federal responsáveis pelas apurações sobre a existência de um plano para se dar um golpe de estado no Brasil vão usar as falas do ex-presidente Jair Bolsonaro durante os atos de domingo, 25, para reforçar a tese de que, de fato, se arquitetou uma virada de mesa institucional no final de 2022.
Segundo os integrantes da PF, já há elementos para implicar o ex-presidente, na pior das hipóteses, no crime de tentativa de golpe de estado. Neste caso, especificamente, o fato de se planejar ou fazer parte de uma artimanha para se reverter a democracia já pode ser configurado como crime. Esse crime está previsto no artigo 350 do Código Penal.
Durante as manifestações na Paulista, Bolsonaro não negou as supostas tramas em seu discurso. Só deixou claro que “golpe é tanque na rua”.
“O que é golpe? É tanque na rua, é arma, conspiração. Nada disso foi feito no Brasil”, declarou o ex-presidente. “Agora o golpe é porque tem uma minuta do decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha paciência.”
Conforme a análise da PF, essa frase confirma a tese de que Bolsonaro não somente teve acesso à minuta do golpe, como chegou a discutir a aplicação dela ou não.
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