Abatido, Silvio Almeida vai para retiro em terreiro de candomblé
Após ser demitido devido ao escândalo das acusações de assédio sexual, o ex-ministro de Direitos Humanos e Cidadania Silvio Almeida foi recebido em um terreiro de candomblé para retiro espiritual
Após ser demitido devido ao escândalo das acusações de assédio sexual, o ex-ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, foi recebido em um terreiro de candomblé para retiro espiritual.
Ele segue negando com veemência a denúncia, mesmo em conversas privadas, mas, segundo amigos próximos, ele está abatido, prostrado e sem forças para falar.
O ex-ministro chorou na conversa que teve com o presidente Lula e tem demonstrado grande tristeza no diálogo com amigos, que dizem que ela está transtornado e temem que ele entre em depressão.
Silvio Almeida é professor universitário, advogado e filósofo, formado em direito pela Universidade Mackenzie e em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). O Escândalo das acusações de assédio compromete a sua reputação e pode levá-lo a outras perdas além da exoneração do cargo
Seus planos de seguir carreira política disputando cargos eletivos parece ter ido por água abaixo. Uma de suas atividades principais, além de dar aulas, era proferir palestras sobre racismo, área em que era reconhecido como um dos maiores especialistas do país, com diversos livros publicados. Mas também nesse nicho ele está sendo alvo de muitas críticas
“Academicismo negro bem-sucedido”
O ex-secretário da Justiça de São Paulo e coordenador-executivo do Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras), o advogado Hédio Silva Jr. criticou o fato de Silvio Almeida atrelar as denúncias de assédio sexual que motivaram sua demissão da pasta de Direitos Humanos a uma suposta tentativa de apagar lutas empreendidas pela população negra no Brasil.
Silva Jr. afirma que, apesar de o ex-ministro ter se notabilizado com a publicação da obra “Racismo Estrutural”, ele não pode ser visto como um representante do movimento negro nem habilitado a falar por todo um segmento social.
“Tenho ouvido que Silvio seria símbolo do movimento negro. Silvio é símbolo do academicismo negro bem-sucedido no mercado editorial, e até aqui, tudo bem. Entretanto, nunca teve militância orgânica e não é à toa que todas as organizações negras rapidamente manifestaram-se a favor da ministra Anielle Franco, diz o advogado, citando a titular da Igualdade Racial, uma das supostas vítimas de assédio.
O coordenador do Idafro, instituto que é uma das cerca de 300 organizações integrantes da Coalizão Negra por Direitos, afirma que “não existe um papa do movimento negro no Brasil”, mas que é preciso levar em consideração o histórico da pessoa antes de alçá-la ao posto de porta-voz.
“Nós vivemos uma era em que ser preto deixou, essencialmente, de ser uma coisa ruim e se tornou uma oportunidade de se tornar um especialista em um assunto. Isso significa que qualquer pessoa pode escrever e falar sobre qualquer assunto, ter um conjunto de likes e virar, eventualmente, uma referência. Isso, entretanto, não o habilita ou faz dela uma interlocutora do movimento mais antigo do Brasil”, diz.
Linchamento
Advogados do convívio de Silvio Almeida acham que, independentemente de ser ou não culpado, ele está sofrendo um linchamento e não está tendo a oportunidade de se defender.
Eles afirmam que mesmo em casos de acusações graves como as de assédio sexual, os preceitos constitucionais de ampla defesa devem ser respeitados —o que não estaria ocorrendo neste caso
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