A montanha de Moro não pariu um rato
No seu depoimento, Sergio Moro indicou o caminho das pedras para Augusto Aras denunciar Jair Bolsonaro por interferência política na PF. Recapitulando: 1) O próprio depoimento que estava sendo prestado naquele dia por ele; 2) A mensagem que recebeu de Jair Bolsonaro em 23 de abril de 2020 -- com o link de nota de O Antagonista e o comentário "mais um motivo para a troca" -- e as demais mensagens disponibilizadas durante o depoimento...
No seu depoimento, Sergio Moro indicou o caminho das pedras para Augusto Aras denunciar Jair Bolsonaro por interferência política na PF.
Recapitulando todos os pontos:
1) O próprio depoimento que estava sendo prestado naquele dia por ele;
2) A mensagem que recebeu de Jair Bolsonaro em 23 de abril de 2020 — com o link de nota de O Antagonista e o comentário “mais um motivo para a troca” — e as demais mensagens disponibilizadas durante o depoimento;
3) Todo o histórico de pressões do presidente para trocar o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, por duas vezes, e o diretor-geral da corporação — que, inclusive, foram objeto de declarações públicas do próprio Bolsonaro;
4) As declarações do presidente da República, em pronunciamento, nas quais admite a intenção de trocar dois superintendentes, inclusive novamente o do Rio de Janeiro, sem apresentar motivos; e o reconhecimento de Bolsonaro de que um dos motivos para a troca era obter acesso ao que ele chama de “relatórios de inteligência” produzidos pela PF;
5) As declarações do presidente em 22 de abril de 2020, na reunião com o conselho de ministros, e que devem ter sido gravadas (como é de praxe): segundo Moro, Bolsonaro disse querer a substituição do superintendente da PF no Rio de Janeiro e do diretor-geral da corporação, e ameaçou demitir o próprio ministro da Justiça e da Segurança Pública, caso não fosse atendido;
6) A possibilidade de serem requisitados à Abin, no âmbito da investigação em curso, os protocolos de encaminhamento dos relatórios de inteligência produzidos com base em informações repassadas à agência de inteligência pela PF, que demonstrariam que o presidente da República já tinha, portanto, acesso às informações de inteligência da PF às quais legalmente ele tem direito;
7) A possibilidade de esses protocolos serem solicitados também à Diretoria de Inteligência da PF;
8) As declarações do ex-ministro que podem ser confirmadas por integrantes da PF e por ministros militares do governo;
9) A disponibilização do aparelho celular do ex-ministro para a extração das mensagens trocadas, via Whatsapp, com Jair Bolsnaro e com a deputada federal Carla Zambelli.
O ponto 5, o da reunião ministerial, parece ser ainda mais forte do que se pensava.
A montanha de Moro não pariu, não, um rato.
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