A incômoda moderação de Tarcísio de Freitas
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pende mais do que devia para a esquerda, diz o deputado estadual...
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pende mais do que devia para a esquerda, diz o deputado estadual Gil Diniz (PL) em entrevista publicada pela Folha nesta sexta-feira, 1º.
“O PT tem voto consolidado. A gente precisa buscar o cidadão que ainda está em cima do muro ou ainda não tem aquela opinião formada. Mas o Tarcísio por si só é moderado. Com a postura dele, já consegue alcançar esse público. Ele não precisa ir a evento militante de esquerda para provar o que ele é”, analisa Diniz.
O aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro tem na ponta da língua uma longa lista de acenos à esquerda que o ex-ministro da Infraestrutura não deveria ter feito depois que se tornou governador, para além do desgastante apoio à reforma tributária. “São sinalizações que a gente não consegue entender e com isso ele não vai conquistar nenhum apoio.”
A seguir, ø resumo do deputado sobre esses acenos:
- “Ele também abriu o parque da Água Branca para a feira do MST, coisa que o João Doria tinha proibido.”
- “Quando ele fala que cota racial é positivo, quando ele sanciona o feriado da Consciência Negra.”
- “Recebeu a viúva do Mandela, um militante de extrema esquerda que muitos aqui consideramos terrorista.”
- “Disse que vai doar terreno para a Faculdade Zumbi dos Palmares, que tem um viés ideológico muito forte à esquerda.”
Dói particularmente entre os aliados de Bolsonaro o encontro com a viúva de Mandela, Graça Machel (foto). Na ocasião, Tarcísio publicou em suas redes sociais o seguinte texto:
“Uma manhã para ser guardada na memória e no coração. Com enorme deferência, recebemos hoje, no Palácio dos Bandeirantes, a senhora Graça Machel, viúva de Nelson Mandela. Oportunidade de ouvir, de aprender e de dar mais um passo em nosso projeto de revitalização do Centro da capital ao incorporar um novo campus da Universidade Zumbi dos Palmares próximo de onde será o novo centro administrativo do Estado de São Paulo. Uma instituição de referência em um lugar que se tornará um novo marco da nossa gestão.”
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Governo
Além de tudo, segundo Diniz, os quadros indicados por Tarcísio para o governo não estão “alinhados ideologicamente” à pauta conservadora. “Não tem o investimento no orgulho conservador. Eu gostaria de ver uma secretaria de promoção da família, por exemplo”, sugere.
“A insatisfação aqui é de muitos deputados, só que muitos não têm coragem de se manifestar. Nós jogamos às claras. Não estou pedindo para indicar presidente de tal fundação, cargo X, Y, Z, emenda parlamentar, nada disso. A gente só quer que sejam respeitadas as nossas bandeiras”, diz Diniz na entrevista, que reclama também do comportamento do governador em relação ao atentado do Hamas contra Israel: “Senti falta das palavras ‘Hamas’, ‘terrorismo’. Ele presta solidariedade ao povo de Israel, mas ele não diz ‘condenamos o ataque terrorista do Hamas’, o sujeito fica oculto”.
“O governador não perdeu nenhuma votação na Alesp, é uma avaliação positiva. Mas ideologicamente falando, com esses acenos que ele vem fazendo para a esquerda e para a extrema esquerda, o tempo que ele gasta com essas pautas acho que ele deveria gastar com as pautas que o trouxeram até aqui”, aconselha o deputado estadual.
Se não agrada à direita, Tarcísio também enfrenta seus problemas à esquerda. Sindicalistas têm aproveitado os planos de privatização do governador para tentar desgastar seu governo com greves. No horizonte das mobilizações está a eleição municipal de 2024.
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