Vivemos num filme de Jim Carrey
Lula e Bolsonaro se ocupam mais atormentando o eleitor com falatório do que cuidando de fato dos problemas do governo
Anos atrás, comparei Jair Bolsonaro ao personagem de Jim Carrey no filme O Pentelho (1996).
Se você não assistiu, Carrey transforma a vida de um sujeito que lhe deu um instante de atenção – Steven, interpretado por Matthew Broderick – num pesadelo.
Estávamos no auge da pandemia e Bolsonaro não parava de martelar suas teses sobre cloroquina e o perigo das vacinas. Falava também de urnas eletrônicas.
Reclamava, reclamava e reclamava, sempre enfezado, sempre ressentido, e nada de governar.
Obsessões
Infelizmente, com Lula é a mesma coisa.
O presidente fez reunião com seus ministros nesta segunda-feira, 18. A primeira do ano.
O que saiu do encontro para o mundo exterior? Declarações sobre Bolsonaro.
Na mais pitoresca, Lula chamou Bolsonaro de “covardão”, porque se trancou no Palácio da Alvorada depois do segundo turno e em seguida fugiu para Miami, em vez de consumar o golpe.
Aposto que a defesa do ex-presidente tomou nota e vai repetir por aí: “Que história é essa de golpe?”, dirão. “Segundo o próprio Lula, Bolsonaro ficou quieto e não fez nada.”
A necessidade de manter viva a polarização é tão grande – porque, afinal de contas, o governo é apenas o desconfortável intervalo de quatro anos entre uma eleição e outra – que Lula nem se importa de fornecer munição ao adversário. O importante é lembrar que eu sou eu, ele é ele.
Haja paciência.
Governar, que é bom…
A respeito do governo propriamente dito, Lula saiu-se com uma metáfora. Disse que entende a queda de aprovação nas pesquisas, mas que as sementes da prosperidade já foram plantadas.
Opa. Olhando pela janela, já vejo uma nuvem de tranquilidade cobrindo São Paulo.
Bolsonaro falava demais, torturava o país com suas obsessões (urna, vacina etc.)
Lula fala demais. Tortura o país com sua obsessão (Bolsonaro), quando não está elogiando algum ditador.
Mas neste governo, não tem uma marca sequer para apresentar – uma política que tenha sido desenvolvida e implementada pelo Executivo, com o poder de transformar a dia a dia de quem vive ao rés do chão.
Aanos atrás, eu disse que meus políticos preferidos eram os políticos chatos – aqueles que se ocupam mais de resolver problemas do que de ocupar cada segundo de atenção dos eleitores.
Continuo sonhando em ter um político chato na presidência. Temos pentelhos, como no filme de Carrey. E todo brasileiro é um Steven.
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