Uma cervejinha para Lewandowski
Ministro da Justiça escancarou ferida do governo Lula — e da esquerda brasileira — ao dizer que "a polícia prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar”

Ricardo Lewandowski (foto) escancarou uma ferida do governo Lula — e da esquerda brasileira de forma mais ampla — ao dizer na quarta-feira, 19, que “a polícia prende mal e o Judiciário é obrigado a soltar”.
O ministro da Justiça e Segurança Pública pretendia rebater o “jargão que foi adotado pela população, que a polícia prende e o Judiciário solta”. E acabou ressuscitando um comentário antigo do qual Lula tentava se livrar no mesmo dia— além de chamar atenção para o fato de que o Supremo Tribunal Federal (STF), que ele integrou por anos, desmontou a maior operação de combate à corrupção da história do Brasil.
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“Para que ele rouba celular? Para vender, para ganhar um dinheirinho. Eu penso que essa violência que está em Pernambuco é causada pela desesperança”, disse Lula em agosto de 2017 durante “entrevista coletiva para a imprensa alternativa de Pernambuco”.
E a cerveja?
Essa declaração acabou misturada, por uma edição de vídeo maliciosa, com outro comentário de Lula, sobre tomar cerveja para se entender com adversários políticos, na insinuação de que Lula disse que os ladrões roubam celular para tomar “uma cervejinha”, como a expressão se espalhou entre seus críticos nas redes sociais.
“É preciso distensionar para a sociedade perceber que a torcida do Santa Cruz e do Sport não são inimigas. São adversárias durante o jogo, depois vão para o bar tomar cerveja juntos. E ainda deixam o pessoal do Náutico batendo palma do lado”, comentou o petista em outro momento daquela mesma entrevista, que foi misturado à questão do roubo de celular.
Histórico
Lula não relativizou o roubo de celular apenas naquela entrevista de agosto 2017.
“Um jovem que está trabalhando, que recebe um salário e pode comprar um celular bonito como este teu, ele não tem por que assaltar uma pessoa para roubar um celular”, disse à rádio Continental AM em dezembro do mesmo ano.
Em 2019, voltou ao assunto: “Eu não posso ver mais jovem de 14, 15 anos assaltando e sendo violentado, assassinado pela polícia, às vezes inocente, ou às vezes porque roubou um celular”.
“República de ladrões de celular”
Obviamente que não se deve defender a violência policial contra criminosos. E quem foi preso deve ser tratado dentro dos limites da lei, para ser ressocializado e reintegrado à sociedade.
Mas os limites desse discurso leniente de Lula e de boa parte da esquerda com criminosos foi admitido pelo próprio petista com uma mudança de discurso na mesma quarta-feira em que Lewandowski reclamou da polícia.
“Nós vamos ter que enfrentar a violência, temos que enfrentar o crime organizado. E não é o Estado sozinho. É o Estado, o município e o governo federal. Porque a gente não vai permitir que os bandidos tomem conta do nosso país. A gente não vai permitir que a república de ladrões de celular comece a assustar as pessoas nas ruas desse país”, disse o presidente ao defender sua PEC da segurança pública.
Ficha corrida
Para o azar de Lula e Lewandowski, viralizou na mesma quarta-feira entrevista em que uma policial expôs a ficha criminal de um homem que foi preso 16 vezes em São Paulo — e está solto no momento. A polícia o “prendeu mal” 16 vezes?
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi um dos políticos que reagiram à cena da policial expondo a longa ficha do criminoso.
“As nossas polícias prendem. E vão prender quantas vezes forem necessárias. Mas não deveria ser assim. Neste caso, o bandido foi preso DEZESSEIS vezes e está mais uma vez nas ruas. Sabe o que é pior? Existem inúmeros outros casos iguais a este. Por isso, é preciso combater a reincidência, tornar as penas mais duras, tirar o bandido de uma vez das ruas. Continuaremos trabalhando para uma política de segurança efetiva para garantir ruas mais tranquilas para as pessoas”, disse Tarcísio ao compartilhar o vídeo em suas redes sociais.
Enfim, Lula tentou mudar o discurso, mas o que ele dizia — e mesmo aquilo que ele não disse — no passado ainda falam muito mais alto.
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Comentários (4)
CARLOS HENRIQUE SCHNEIDER
20.03.2025 18:49Agora que Lewan e Lula se deram conta da escalada de violência associada ao crime organizado? Obviamente que estes dois, somados aos bolsonaros e Tofollis da vida jamais assumirão sua parcela de responsabilidade no desmonte do antigo Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado pelo ex-ministro Sergi Moro. Enquanto não pudermos contar com o indispensável serviço do COAF, aliado a uma Justiça e Polícia estruturadas para o combate a corrupção, lavagem de capitais e formação de quadrilhas, só vamos andar para trás. Saudades do ex-Ministro Sergio Moro, o ultimo perfil técnico a ocupar esta pasta.
MARCOS
20.03.2025 18:22A CULPA É EXCLUSIVA DO LEGISLATIVO QUE FAZ LEIS LENIENTES PARA OS CRIMINOSOS. A CULPA É DOS LEGISLADORES. A POLÍCIA PRENDE BEM E A JUSTIÇA SOLTA PORQUÊ O LEGISLATIVO FEZ LEIS QUE PERMITEM QUE OS CRIMINOSOS SEJAM IMEDIATAMENTE SOLTOS .
Fabio B
20.03.2025 13:37Esse Lewandowski não tem moral para falar sobre o assunto, mas, sendo justo, o problema maior está na nossa legislação processual e penal que privilegia o criminoso. No entanto, isso não exime a responsabilidade de juízes lenientes que militam soltando bandidos e, mesmo que em menor grau, também policial mal preparado e sem estrutura.
Claudemir Silvestre
20.03.2025 13:26A vida humana no Brasil, de acordo com este desgoverno PT, vale apenas uma “ cervejinha “ !!!