Uma bandeira liberal no topo da Montanha Mágica
Milei é uma figura exótica, algo que essa época do TikTok aparentemente exige. Ele diz que conversa com cachorro morto, já foi instrutor de Kama Sutra e traz na bagagem todo tipo de esquisitice que, se viesse de um influenciador agenciado pelas Mynds da vida, seria vista como criativa, inovadora ou transgressora.
Milei é uma figura exótica, algo que essa época do TikTok aparentemente exige. Ele diz que conversa com cachorro morto, já foi instrutor de Kama Sutra e traz na bagagem todo tipo de esquisitice que, se viesse de um influenciador agenciado pelas Mynds da vida, seria vista como criativa, inovadora ou transgressora. Como não é, vira escárnio.
Não bastasse isso, ele aceitou alegremente apoio das piores cepas da direita, como o bolsonarismo raiz e suas linhas auxiliares, outrora liberais. Milei é um risco também por seu temperamento irascível e imprevisível, tornando impossível qualquer previsão confiável sobre como vai lidar com as limitações da democracia e do mundo real fora dos livros libertários.
Mesmo com todas essas ressalvas, o discurso de Javier Milei em Davos, a Montanha Mágica de Thomas Mann, nesta quarta, 17, é um daqueles momentos curiosos que lembram profetas da antiguidade pregando no deserto.
Alguns dos melhores momentos do novo presidente argentino:
“Infelizmente, nas últimas décadas, motivados por alguns indivíduos bem-intencionados dispostos a ajudar os outros, e outros motivados pelo desejo de pertencer a uma classe privilegiada, os principais líderes do mundo ocidental abandonaram o modelo de liberdade por diferentes versões do que chamamos de coletivismo.”
“Estamos aqui para dizer que experimentos coletivistas nunca são a solução para os problemas que afligem os cidadãos do mundo, mas sim a causa raiz.”
“Sob o pretexto das supostas falhas de mercado, introduzem-se regulamentações, que apenas criam distorções no sistema de preços, impedindo o cálculo econômico, e, portanto, também impedem a poupança, o investimento e o crescimento.”
“Falar em falha de mercado é um oxímoro, não existem falhas de mercado, se as transações são voluntárias, o único contexto em que pode haver falha de mercado é a coerção, e o único capaz de coagir é o Estado.”
“Diante da demonstração teórica de que a intervenção estatal é prejudicial, e da evidência empírica de que falhou, a solução proposta pelos coletivistas não é maior liberdade, mas sim maior regulamentação. Maior regulamentação que cria uma espiral descendente até que todos fiquemos pobres, e a vida de todos nós dependa de um burocrata sentado em algum lugar em um escritório de luxo.”
“Dado o fracasso retumbante dos modelos coletivistas e os avanços inegáveis no mundo livre, os socialistas foram levados a mudar sua agenda. Deixaram para trás a luta de classes baseada no sistema econômico e a substituíram por outros supostos conflitos sociais, que são tão prejudiciais à vida em comunidade e ao crescimento econômico.”
“Os Estados de hoje não precisam controlar diretamente os meios de produção para controlar todos os aspectos da vida dos indivíduos. Com ferramentas como emissão de dinheiro, dívida, subsídios, controle da taxa de juros, controle de preços e regulamentações para corrigir as chamadas falhas de mercado, eles podem controlar as vidas e destinos de milhões de indivíduos.”
“Dizem que o capitalismo é mau porque é individualista e que o coletivismo é bom porque é altruísta, claro, com o dinheiro dos outros.”
“Graças ao capitalismo de livre comércio, o mundo está vivendo seu melhor momento, nunca na história de toda a humanidade houve um período de mais prosperidade do que hoje.”
“O mundo de hoje é mais livre, mais rico, mais pacífico e mais próspero do que em qualquer outro momento da história humana. E isso é particularmente verdade para aqueles países que respeitam a liberdade econômica e os direitos de propriedade dos indivíduos.”
“O capitalista, o empreendedor de sucesso, é um benfeitor social, que longe de se apropriar da riqueza dos outros, contribui para o bem-estar geral de todos. Em última análise, um empreendedor de sucesso é um herói.”
“O empobrecimento produzido pelo coletivismo não é fantasia, nem fatalismo, é uma realidade que nós, na Argentina, conhecemos muito bem há pelo menos 100 anos. Vivemos isso e estamos aqui para alertá-los sobre o que pode acontecer se os países do mundo ocidental – que enriqueceram através do modelo de liberdade – continuarem neste caminho para a servidão.”
“Viemos aqui hoje para convidar outros países do mundo ocidental a retornarem ao caminho da prosperidade. Liberdade econômica, governo limitado e respeito irrestrito pela propriedade privada são elementos essenciais para o crescimento econômico.”
“Para concluir, gostaria de deixar uma mensagem para todos os empreendedores e empresários aqui presentes, e para aqueles que não estão aqui pessoalmente, mas que acompanham de todo o mundo:
Não se intimidem nem pela casta política nem pelos parasitas que vivem do Estado.
Não se rendam a uma classe política que só quer perpetuar-se no poder e manter seus privilégios.
Vocês são benfeitores sociais, vocês são heróis, vocês são os criadores do período mais extraordinário de prosperidade que já vimos.
Não deixem ninguém dizer que sua ambição é imoral.
Se vocês ganham dinheiro, é porque oferecem um produto melhor pelo melhor preço, contribuindo assim para o bem-estar geral.
Não cedam ao avanço do Estado.
O Estado não é a solução, o Estado é o problema.
Vocês são os verdadeiros protagonistas desta história.
E tenham certeza de que, a partir de hoje, podem contar com a Argentina como uma aliada incondicional.
Viva a Liberdade!”
Milei em Davos: “Marxistas cooptaram o bom-senso do Ocidente”
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