Silêncio de Lula resolve ataque especulativo contra real
Bastou o petista parar de alimentar insegurança sobre o BC e assumir um compromisso público com o equilíbrio fiscal
O dólar desabou quase 2% na sessão desta quarta-feira, 3, para encerrar o dia cotado próximo a 5,55 reais depois de flertar com 5,70 reais na terça-feira, o ápice para a moeda americana desde o início da peregrinação eleitoral do presidente dos últimos dias.
O petista insistiu durante todo esse período que o país estaria sendo vítima de um ataque especulativo contra a moeda brasileira. Em entrevista à radio baiana Sociedade, Lula reforçou a desconfiança. “É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real nesse país. Não é normal o que está acontecendo”.
Logo em seguida, voltou à carga com as acusações contra o presidente do Banco Central (Roberto Campos Neto), a independência da autarquia e o corte de despesas. Desde o início dessa cruzada, em meados de junho, as declarações de Lula têm sido relacionadas à forte desvalorização sofrida pelo real. De lá para cá, o dólar subiu 25 centavos de real. Enquanto o petista defendia a tese do ataque especulativo.
Nas falas públicas desta quarta-feira, 3, o presidente evitou o assunto Banco Central e dólar. Além disso, declarou que a responsabilidade fiscal é um compromisso do governo. A mágica então aconteceu. O ataque especulativo imediatamente acabou.
O eloquente silêncio sobre a autoridade monetária suplantou até mesmo boatos de que o governo estaria preparando uma redução na duração do mandato para os diretores do BC, de quatro para apenas dois anos.
Os juros futuros também reagiram bem ao desinteresse momentâneo de Lula sobre o assunto e recuaram para todos os prazos de vencimento. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro fechou o dia no melhor nível desde maio, em alta de 0,70%, aos 125,6 mil pontos.
Ao que parece, o ataque especulativo contra o real não era o que o petista insinuava. O Brasil foi vítima de um ataque de nervos do presidente da República, que especulava sobre o fim da independência do Banco Central.
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