Show de ilusionismo do corte de gastos começa esta semana
Crescimento das despesas mais acelerado que receitas preocupa agentes econômicos e desequilibras contas públicas, mas Lula faz de conta que não é com ele
O presidente Lula se reúne com a Junta de Execução Orçamentária para avaliar a situação das contas públicas, após uma semana de reconstrução da imagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como fiador do equilíbrio fiscal. Além de Haddad, participam do encontro Simonte Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão) e Rui Costa (Casa Civil).
A expectativa dos mais incautos é que as discussões também incluam alternativas para conter o crescimento dos gastos do governo. De acordo com o relatório “Estimativa preliminar do resultado primário do governo central em maio de 2024“, produzido pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), até o mês passado as despesas cresceram 27,5 bilhões de reais a mais que as receitas, contra um superávit de 3,2 bilhões de reais no mesmo período do ano passado.
No acumulado do ano, a receita líquida de transferências apresentou uma variação real positiva de 9,1%, enquanto os gastos avançaram 12,9%, descontada a inflação do período. Com o crescimento acelerado das despesas e uma percepção de que o ajuste das contas pelo lado da receita encontrou um limite, cresceu a pressão para que o governo Lula comece a enxugar gastos.
Direto da Itália, Lula defendeu o ministro da Fazenda. “Haddad jamais ficará enfraquecido enquanto eu for presidente da República“, disse. E confirmou a intenção de discutir as despesas do governo, “ma non troppo“. “Vou falar em alto e bom som: a gente não vai fazer ajuste em cima dos pobres“, bradou, enquanto prepara a sanção da medida que vai taxar as compras internacionais abaixo de 50 dólares.
Dado o histórico de falas do petista contra cortes de gastos e a recente descoberta de uma mudança de última hora no cálculo da despesa com a Previdência Social, que fez sumir 12 bilhões de reais da conta, não se deve esperar grandes novidades da reunião. O mais provável é uma nova rodada de declarações sobre intensificar o ritmo de estudos, como Haddad apontou na semana que passou.
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