Revendo a revisão de gastos
Idas e voltas do governo sobre desvinculação de benefícios e pentes-finos são só a equipe econômica correndo em círculos
Começam a aparecer novas ideias para conter a evolução de despesas do governo e equilibrar as contas públicas. Na cruzada Haddadiana por uma retórica crível de que há compromisso da administração pública com a saúde fiscal do país, volta-se a falar sobre desvinculação de gastos obrigatórios e até mudanças nas regras de concessão de benefícios sociais.
A obrigatoriedade de aumentar despesas com saúde e educação conforme aumenta a receita da União foi objeto de preocupação da ministra do Planejamento, Simone Tebet, que (desautorizada por Lula) mudou o enredo para um grande pente-fino nos gastos com seguridade social que vão render 25,9 bilhões de reais em economia para o governo.
Claro que a ministra lembra que o pente-fino no Bolsa Família, no ano passado, resultou no aumento dos gastos com o programa, que atingiu volume recorde em reais e famílias beneficiadas.
Em entrevista na noite da quarta-feira, 24, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou à encenação de praxe do governo quando pressionado a fazer algo que não quer (no caso específico, reduzir gastos).
“Algumas pessoas têm dito que se as regras atuais de vinculação não forem alteradas, mesmo que se considere o teto de 2,5% do PIB, essas despesas vão acabar comprimindo as despesas discricionárias em função da obrigatoriedade dessas despesas. Esse é um debate legitimo, que está sendo feito também pelo governo federal“, afirmou.
Enquanto o plano não consegue contornos críveis, a equipe econômica acena ao mercado financeiro com uma possível antecipação na troca do comando do Banco Central, com a indicação do nome que substituirá Roberto Campos Neto, podendo ser anunciado nas próximas semanas. Ou não, assim como o corte de gastos.
No jogo de cena do governo Lula, tal qual séries dos serviços de streaming, o final é sempre postergado para um próximo episódio. Assim, o roteiro mantém o espectador (ou contribuinte) esperançoso em uma solução matemágica para as contas públicas. Mas, no fundo, todos sabem que ela não virá.
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