Racismo anti-judaico no Black Lives Matter: Risério tinha razão
O Neue Zürcher Zeitung (NZZ), o mais antigo jornal da Suíça ainda em circulação, um dos mais influentes daquele país e de maior prestígio na Europa, publicou, em 27 de novembro, uma...
O Neue Zürcher Zeitung (NZZ), o mais antigo jornal da Suíça ainda em circulação, um dos mais influentes daquele país e de maior prestígio na Europa, publicou, em 27 de novembro, uma matéria na qual expõe as inúmeras evidências de antissemitismo no movimento Black Lives Matter. A matéria questiona também o silêncio da mídia em torno do assunto.
Enquanto o mundo não ideologizado, no qual ainda resta bom senso e compaixão, se espantava e se indignava com as primeiras imagens que vinham a público do massacre de 7 de outubro contra civis em Israel, o Black Lives Matter já tomava partido em defesa dos terroristas do Hamas: “Os combatentes pela liberdade palestina não são terroristas!” “apoiaremos totalmente a resistência na Palestina”, escreveram, em 9 de outubro.
Em 10 de outubro, o perfil no X, ex-Twitter, do Black Lives Matter-Chicago postou a imagem de um paraquedas com o slogan: “Eu estou com a Palestina”. Os terroristas do Hamas invadiram Israel a pé, em barcos e também em paraquedas.
A celebração, por parte de representantes do Black Lives Matter, do assassinato cruel de 1.200 pessoas causou alguma indignação nos EUA. A matéria do Neue Zürcher Zeitung, no entanto, chama atenção para a pouca repercussão do caso na mídia alemã: “Alguns jornalistas ficaram surpresos, especialmente porque Black Lives Matter — muitas vezes chamado apenas de BLM – faz campanha oficialmente contra o racismo, especialmente contra a violência policial sofrida por pessoas negras nos EUA.”
A revista austríaca Profil foi praticamente a única que abordou com mais detalhe o assunto, afirma o jornal: “Na maior parte dos meios de comunicação não havia absolutamente nada para ser lido sobre a aliança espiritual entre os antirracistas americanos e os antissemitas árabes”, escreveu o jornalista Lucien Scherrer.
A despeito do silêncio da mídia, as evidências pró-terroristas e antissemitas no movimento BLM são volumosas. O jornal lembra, por exemplo, que quando os protestos do BLM aumentaram em 2020, após o assassinato de George Floyd pela polícia, os manifestantes destruíram empresas judaicas em Los Angeles e que as sinagogas estavam repletas de slogans como “Palestina Livre!” e “Foda-se Israel.”
Justiça seja feita, alguém no Brasil já ousou falar sobre esse tema e sofreu pesada campanha de cancelamento. O poeta, romancista e antropólogo Antônio Risério, no artigo “Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo”, publicado na Folha de S.Paulo, em janeiro de 2022, expôs vários fatos e temas abordados pela supracitada matéria do importante jornal suíço.
Assim como o NZZ, Risério chama atenção para a aproximação entre o BLM e Louis Farrakhan, líder so grupo negro estadunidense “Nação do Islã”, que vê os judeus como Satanás e inimigos de Deus: “Sob a capa do discurso antirracista, o racismo negro se manifesta por meio de organizações poderosas como a Nação do Islã, supremacista negra, antissemita e homofóbica”, escreveu o antropólogo brasileiro no referido artigo.
Há anos os expoentes do movimento Black Lives Matter celebram a sua proximidade com o terrorismo palestino, explica o jornal suíço: “Patrisse Cullors, uma das fundadoras do BLM, liderou um grupo de turismo político à Palestina em 2015. Lá, ela percebeu que Israel era um estado de apartheid que precisava ser destruído”. Segundo ela, a Palestina seria a África do Sul da nova geração e o BLM deveria aprender com as lutas dos palestinos; negros e árabes deveriam apoiar-se uns aos outros.
O Neue Zürcher Zeitung lembra que “os expoentes do Black Lives Matter expressam solidariedade com o BDS, movimento de boicote a Israel que está ligado ao Hamas e utiliza imagens de polvos e outras referências antissemitas para agitar o sentimento contra Israel”; Risério, por sua vez, salienta que “o líder da nação do Islã, Louis Farrakhan, sempre exibiu também um franco e ostensivo racismo anti-judaico” e que “hoje, o Black Lives Matter pede a morte dos judeus em manifestações públicas.”
A importância desse debate reside também no fato de que o Black Lives Matter não é um grupo qualquer, mas sim “uma rede financeiramente poderosa que é cortejada por políticos e apoiada por empresas como Apple, Microsoft e Amazon”, o que justifica a expectativa de que haja uma maior crítica sobre suas tendências antissemitas.
O teólogo alemão Kai Funkschmidt, em seu ensaio de 2021 intitulado Anti-semitismo no movimento ‘Black Lives Matter’, explica que a aliança entre o BLM e os muçulmanos radicais remete aos Panteras Negras, que, por sua vez, foram inspirados pelo antissionismo da União Soviética. Enquanto o grande expoente da luta dos negros pelos direitos civis, Martin Luther King, via os judeus como grandes aliados na luta contra o racismo, o movimento negro de hoje vê os judeus como colonialistas e exploradores.
Funkschmidt afirma que o BLM é heterogêneo e que, portanto, não é correto classificá-lo como um todo de antissemita. Há, no entanto, um grupo substancial dentro dele no qual o antissemitismo é explícito.
O comentarista e autor conservador americano, Jason L. Rilei, colunista no Wall Street Journal — e que é negro — escreveu, após as reações ao 7 de outubro, que o antissemitismo do Black Lives Matter era uma estratégia para dividir a sociedade. O jornal suíço destaca, porém, que negros como ele, que criticam ou rejeitam o Black Lives Matter por causa de tendências extremistas, não têm destaque na mídia de língua alemã.
Também aqui no Brasil os que criticam o extremismo identitário e acusam o seu racismo reverso são fatalmente cancelados pela mídia mainstream e pela militância progressista, que só vê intolerância no outro espectro ideológico, mas não no seu.
Que o diga Antônio Risério, após a celeuma provocada pelo seu artigo. As reações ao 7 de outubro tornaram o seu texto ainda mais atual. Como ele afirma no referido artigo: “o racismo antijudaico de pretos e pobres dos guetos pode contar com alguma pequena motivação cotidiana, mas o que pesa mesmo é o antissemitismo generalizado nas lideranças da esquerda multicultural-identitária”.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)