Quem precisa de inimigos, tendo Dirceu como defensor?
Petista sustenta em artigo que denúncias da Vaza Toga são apenas um meio de fragilizar o ministro e beneficiar o bolsonarismo
José Dirceu (foto) escreveu um artigo em defesa de Alexandre de Moraes.
Hahahaha.
Quem precisa de inimigos, tendo Dirceu como defensor?
Por mais que busquem redimi-lo, ele e Lula são os símbolos máximos de como o PT corrompeu a democracia para permanecer no poder.
Meu motivo para comentar o texto, porém, é que ele ilustra à perfeição uma falácia: a de que só existem duas posições viáveis na política brasileira.
Teoria da conspiração
O artigo foi publicado na Folha de S. Paulo nesta terça-feira, 20. Seu alvo? O escândalo que este site batizou como Vaza Toga e que nasceu de reportagens… da própria Folha de S. Paulo.
O título, O que está por trás da denúncia contra Alexandre de Moraes, já entrega o jogo: trata-se de uma daquelas peças retóricas produzidas aos montes por ideólogos de esquerda e direita, que pretendem desmascarar conspirações secretas, tramadas pelo inimigo.
Sendo Dirceu um ideólogo de esquerda, o material publicado pelo jornal é tratado como lixo de extrema direita – uma denúncia com “fundamentação pueril”, que nem mesmo expoentes desse campo político, como o jurista Ives Gandra Martins, teriam tido coragem de levar a sério.
Alinhamento à direita
Segundo o petista, “fragilizar” a figura de Alexandre de Moraes equivale a facilitar a disseminação de mentiras nas redes sociais, o que é “importante para a estratégia eleitoral bolsonarista” neste ano de votação nos municípios.
O fato de Elon Musk haver repercutido as revelações em sua rede social, o X, confirmaria a existência de uma conspiração.
A denúncia, conclui o arquiteto do mensalão, mostraria “o quanto setores da sociedade e da mídia tentam se alinhar com a nova face do bolsonarismo, que responde pelo nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas”.
Falsa equação
Ora, a equação composta por Dirceu é falsa.
Revelar que um ministro do STF transformou um órgão do TSE em seu escritório particular de investigação policial, e criticar duramente esse fato, não é o mesmo que alinhar-se com o bolsonarismo.
Assim como insistir que Bolsonaro tentou cooptar as Forças Armadas para um golpe de Estado não é o mesmo que abraçar o petismo.
Nos dois casos, trata-se de olhar as coisas como são, para começar.
E, em seguida, de defender as regras do jogo – seja contra um Judiciário que está abusando de suas prerrogativas, seja contra um político com tentações autoritárias.
Defesa da democracia
Ao contrário do que dizem os ideólogos de esquerda e direita, essa não é uma posição política neutra ou “isentona”.
Sobretudo no Brasil de hoje, é a única posição interessada de fato em preservar e promover a democracia.
Quem sabe um dia a moda pega.
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