PT com medo de falar mal de Galípolo, possível presidente do BC
Partido cita indicado de Lula ao BC que recentemente afirmou que alta de juros "está na mesa", mas evita crítica
O Partido dos Trabalhadores publicou uma nota no site oficial em que cita a fala do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, sobre uma alta de juros estar “na mesa” para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, mas evitou criticar o ex-número 2 da Fazenda e principal candidato para a Presidência da autoridade monetária a partir do ano que vem.
No texto, os petistas demonstram preocupação com o patamar da Selic e culpam a taxa básica alta pelo gasto do governo com o carregamento da dívida.
“É preciso então questionar se há fundamento para tal medida, uma vez que a inflação está sob controle, sempre mantida dentro da meta. É bom também lembrar que a Selic, atualmente já em um patamar elevado, exerce forte pressão sobre o orçamento federal e a economia. Um novo aumento pode agravar a situação fiscal do país, pois os juros fazem subir de forma significativa o custo da dívida pública“, diz o texto divulgado na terça-feira, 14.
O partido lembra que nos 12 meses até junho deste ano, o Brasil pagou 835,7 bilhões de reais em juros da dívida pública. Em 2023, o valor chegou a 1,89 trilhão de reais.
O forte do grupo talvez não seja a matemática é verdade, mas os números mostram uma tendência de desaceleração no carrego da dívida. O motivo: a queda da Selic durante o governo Lula, que iniciou 2023 em 13,75% ao ano e está atualmente mem 10,50% ao ano. Apesar de “Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro, à frente do Banco Central”, como definem os petistas.
Além disso (pode parecer óbvio para alguns, mas vale o esclarecimento), só paga juros de dívida, quem tem dívida. E nisso, o governo Lula tem se superado. Apesar da promessa de colocar as contas públicas em ordem, até agora o que se viu foram déficits primários – quando o governo gasta mais do que arrecada e precisa (você adivinhou) contrair dívida para fechar o caixa.
Mas contra o ungido lulista no BC, Gabriel Galípolo, apenas a menção à fala. O PT não explica se o diretor aderiu ao que os petistas classificaram recentemente como “bunker (de Campos Neto) para sabotar a economia do país e uma plataforma de articulação político-partidária“.
Nadinha também sobre “projeções notoriamente exageradas e especulativas no Boletim Focus, por
sinalizações indevidas ao mercado e por declarações totalmente descabidas para a autoridade monetária” , que são um entrave ao crescimento do país, como esbravejava o texto .
Talvez, o entendimento sobre macroeconomia do grupo esteja condensado na pergunta singela e inocente do deputado petista Paulo Guedes ao presidente do Banco Central durante audiência na Câmara dos Deputados, na terça-feira, 13: “por que o Japão tem a menor taxa de juros do mundo (e o Brasil não)“, indagou.
Por quê?
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