Por que as pessoas criticam reality shows, mas assistem?
Muita gente critica abertamente esses programas, mas muitas dessas mesmas pessoas continuam assistindo
A relação dos brasileiros com os reality shows é marcada por contradições. Embora muita gente critique abertamente esses programas e seus participantes, muitas dessas mesmas pessoas continuam assistindo e se envolvendo ativamente com eles.
Essa incoerência reflete uma série de fatores psicológicos, socioculturais e midiáticos, que ajudam a explicar por que, apesar das críticas, o gênero continua atraindo uma audiência fiel.
Crítica como engajamento emocional
No aspecto psicológico, a crítica funciona como uma forma de envolvimento emocional. Ao criticar participantes ou situações, quem assiste também está processando suas próprias reações.
Um exemplo disso pode ser observado no Big Brother Brasil, da Globo, onde personagens polêmicos como Karol Conká, em 2021, geraram intensas críticas, mas também aumentaram a audiência do programa.
A crítica pode ser uma maneira de o público liberar frustrações e julgar comportamentos que considera inadequados, gerando uma sensação de superioridade moral.
Esse sentimento de superioridade, por sua vez, faz com que os espectadores continuem assistindo, mesmo quando expressam descontentamento.
Fenômeno social e participação coletiva
No Brasil, a cultura do debate público e da participação social é muito forte. Reality shows, como A Fazenda, da Record, e MasterChef Brasil, da Band, tornam-se grandes fenômenos sociais, alimentando discussões tanto nas redes sociais quanto em rodas de conversa.
A Fazenda, por exemplo, frequentemente gera discussões sobre comportamento, ética e até questões mais profundas, como preconceito de classe e racismo, a exemplo das controvérsias envolvendo Dayane Mello e outros participantes em 2021.
A crítica a esses programas seria, na verdade, uma forma dos brasileiros se inserirem em debates mais amplos e complexos, aproveitando o reality show como ponto de partida para reflexões sociais.
Tradição televisiva e o papel das redes sociais
Culturalmente, a nossa tradição televisiva também alimenta esse comportamento. Assim como as novelas, que há décadas envolvem os brasileiros em discussões acaloradas sobre vilões como Odete Roitman e Nazaré Tedesco, os reality shows seguem o mesmo caminho.
Big Brother Brasil é comentado diariamente como se os participantes fossem figuras de relevância pública, com direito a análises detalhadas de suas atitudes.
As redes sociais potencializam ainda mais essa dinâmica. Plataformas como Twitter e Instagram se tornam espaços de debate constante, onde as críticas aos participantes e ao formato dos programas se multiplicam.
Criticar um reality show não é apenas uma forma de se expressar, mas também de se conectar com outros espectadores, criando uma identidade coletiva em torno dessas discussões.
O BBB23 alcançou milhões de menções diárias no Twitter, hoje X, com hashtags que chegaram a liderar os trending topics globais, demonstrando o poder de mobilização que o formato ainda possui.
Conclusão
Apesar das reclamações e críticas, desde No Limite e Casa dos Artistas, os reality shows continuam a atrair uma audiência engajada. A crítica, ao invés de afastar o público, fortalece o envolvimento com o gênero, transformando esses programas em fenômenos de entretenimento e debate social.
A grande quantidade de realities nas TV e streamings criou um novo desafio: as pessoas terão que escolher qual opção vão querer assistir e criticar, já que não dá para ver todos. Se alguém conseguir merece ter seu próprio reality.
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