Política fiscal do governo é um desastre em câmera lenta
Enquanto procura culpados pela falta de responsabilidade com as contas públicas, equipe econômica deixa de atuar no que controla: a despesa
Na luta para manter viva a ideia de que será possível zerar o déficit primário sem cortar gastos, a equipe econômica do governo Lula tenta agora culpar o Congresso Nacional pela própria incompetência.
Quando vendeu a ideia do novo arcabouço fiscal para substituir o teto de gastos, a promessa era reduzir a dívida pública cuidando para que o governo gastasse apenas aquilo que arrecadasse em 2024 (déficit) e menos ainda nos anos seguintes (superávits).
Cortar ou otimizar gastos, no entanto, nunca esteve entre as estratégias. Fernando Haddad, Simone Tebet e Esther Dweck sempre deram como certo que a mão invisível do Estado alcançaria mais fundos nos bolsos dos brasileiros.
Culpa terceirizada
Agora, confrontados com a realidade de uma sociedade extenuada pela sanha arrecadatória do Estado brasileiro trabalham para terceirizar a culpa e não para resolver o problema. Ora, o brasileiro viu os gastos primários da União como proporção do PIB (Produto Interno Bruto) passarem de 14,7% no último ano do mandato de Fernando Henrique Cardoso, para 19,3% do PIB no ano passado.
Será que a solução é arrecadar mais mesmo?
Claro! Vocifera Fernando Haddad, escondido atrás de narrativas sobre os super-ricos e outros slogans marqueteiros. Obviamente, ninguém é contra que aqueles que ganham mais, paguem mais. Ótimo seria, no entanto, que esse acréscimo à base arrecadatória tornasse o peso dos tributos um pouco menor para todos.
Ouvidos moucos
Agora, direciona a conversa para a “culpa” do Congresso Nacional que aprovou as metas fiscais, mas não se esforça para fazer as contas fecharem. A equipe econômica faz ouvidos moucos ao claro recado de que o governo tem de atuar na ponta que controla: a despesa.
Cortar despesas, no entanto, continua um tabu. Em fala recente, a recém-convertida Simonte Tebet apreciava a possibilidade de abertura de crédito extraordinário no orçamento para possibilitar o aumento dos salários do funcionalismo público. É o equivalente a contratação de uma despesa vitalícia de 50 reais mensais após encontrar uma nota de 100 reais na calçada.
Não haverá déficit zero em 2024. Nem superávit primário em 2025. Tudo que o governo tenta controlar agora é quem será o culpado pela ideia ruim e pela execução pior. Até lá, o brasileiro assistirá a tudo como se fosse um acidente de carro em câmera lenta.
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