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Eleições 2024: debate ainda serve para alguma coisa?

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Wilson Lima
3 minutos de leitura 09.08.2024 08:28 comentários
Análise

Eleições 2024: debate ainda serve para alguma coisa?

Evento da Band dita o tom da campanha pela prefeitura de São Paulo; uma eleição que promete ser marcada pelo baixíssimo nível

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Wilson Lima
3 minutos de leitura 09.08.2024 08:28 comentários 0
Eleições 2024: debate ainda serve para alguma coisa?
Debate_Band

Não sou paulistano, mas tenho (bons) amigos e um carinho enorme por São Paulo. E pelo que vi no debate da Band – o primeiro das eleições municipais de 2024 -, o eleitor da maior cidade do país merecia candidatos melhores. Bem melhores.

Não tenho a visão romântica de que, nesse tipo de evento televisivo, ainda se vislumbre uma discussão saudável sobre os rumos de uma cidade, de um estado ou de uma nação. Seria esperar muito. Mas ouso dizer – e comentei aqui com os colegas da redação de O Antagonista – poucas vezes na vida eu vi um debate tão ruim, tão baixo, tão vazio de ideias de princípios. E olha que já vi de tudo nessa vida.

Confesso que tento puxar na memória alguma política pública discutida pelos principais postulantes ao Edifício Matarazzo. Nenhuma com muita consistência. Guilherme Boulos até tentou citar seu programa para dobrar o número de guardas municipais e Pablo Marçal, de forma bem distante, citou a sua proposta – ainda mal explicada – sobre a instalação de teleféricos na cidade. A metralhadora giratória travestida de ex-coach também citou, muito por alto, um projeto para ampliar o empreendedorismo na periferia de São Paulo. Mas – de novo – nada de muito concreto.

Datena, a novidade da eleição deste ano, teve uma participação tacanha e vazia. Definitivamente sentiu, e ele admitiu isso nas entrevistas pós-programa. Ele tentou encurralar o prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas resumiu suas críticas à administração emedebista aos adjetivos “incompetente” e “despreparado”. Uma obviedade irritante.

Debate da Band teve até mulher usando mulher para ganhar voto

Até Tabata Amaral (PSB) caiu na tentação e baixou o nível do debate quando citou um caso de violência doméstica envolvendo Nunes. Ali, ela perdeu qualquer legitimidade para reivindicar uma campanha limpa e sem ataques. Uma mulher – ainda mais dita feminista convicta – explorar um caso como esse para ganhar alguns votos foi de uma falta de sensibilidade inacreditável.

Sem propostas, o debate da Band serviu apenas como um reality show de quinta categoria – talvez o 90 Dias para Casar ou Quilos Mortais sejam menos depreciativos. E houve de tudo. Marçal insinuou que Boulos é usuário de cocaína; o ex-coach perdeu a paciência ao ser apontado como condenado à prisão por crime de estelionato; Nunes ameaçou, publicamente, processar Datena e por aí vai.

Repito: não tenho a esperança de que um debate teria a capacidade de mudar um voto, mas o evento televisivo da Band é historicamente marcado por ditar o tom da campanha. Se a campanha em si for no mesmo nível que o programa da noite desta quinta-feira, Deus tenha piedade do paulistano. E de todos nós.

E parafraseando um deputado federal de São Paulo: pior que está, sempre pode ficar.

Leia mais: Marçal entra em pane com duas perguntas de Tabata

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Wilson Lima

Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

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