Pacote de contenção do STF é retaliação do Centrão ao Judiciário
Deputados bolsonaristas também negociam apoio a candidato de Arthur Lira após decisões da Comissão de Constituição e Justiça
A aprovação de um pacote de contenção do STF pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara – presidida pela deputada Caroline de Toni (PL-SC, foto) é apontada por líderes partidários como uma espécie de retaliação de deputados do Centrão a recentes decisões do Supremo sobre a distribuição de emendas e sobre a rede social X.
No início de agosto, o ministro do STF Flávio Dino suspendeu o pagamento das chamadas ‘emendas Pix’ até que o Congresso estabelecesse medidas de transparência e controle desse tipo de recurso público.
Em 20 de agosto, houve uma reunião entre os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do STF, Luís Roberto Barroso, e Dino na qual ficou estabelecido que o Congresso iria elaborar um projeto de lei complementar ou até mesmo uma PEC para regular esse tema.
Desde então, não houve a apresentação de qualquer iniciativa do Poder Legislativo nesse sentido. E a consequência, conforme alguns líderes partidários, veio durante as eleições deste ano. O Antagonista apurou que alguns integrantes do Centrão reclamaram a Arthur Lira que tiveram alguns prefeitos derrotados justamente por conta desse tipo de interferência do Poder Judiciário. Sem dinheiro de emenda nos cofres, houve a paralisação de algumas obras na reta final da campanha.
Resignação contra Alexandre de Moraes também entrou na pauta anti-STF
A executiva nacional do PL também fez chegar a Lira a reclamação que o bloqueio da rede social X comprometeu a eleição de alguns aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições municipais deste ano. O partido terminou o pleito com 509 prefeitos. O número foi bem abaixo dos 1 mil projetados por Valdemar Costa Neto. A rede ficou suspensa entre o final de agosto até esta terça-feira, 8.
Assim, a aprovação de propostas como a PEC que limita as decisões monocráticas do STF ou a que pode sustar decisões de ministros do Supremo ou ainda aquela que amplia as hipóteses de crime de responsabilidade de integrantes do STF tiveram apoio, inclusive, de partidos como o MDB, PP, PSD e União Brasil. Para facilitar a obtenção de quórum, as lideranças desses partidos incluíram na CCJ os deputados mais alinhados a pautas ligadas ao bolsonarismo.
Os deputados alinhados ao ex-presidente também aproveitaram o pacote de contenção do STF para negociar um apoio ao candidato de Lira à Presidência da Câmara, Hugo Motta (Republicanos). Nesta quarta, o presidente do PP, Ciro Nogueira, afirmou em alto e bom som que a fatura já está liquidada.
Em resumo: tudo não passa de um belo jogo de cena.
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