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O vale tudo pela presidência da Câmara dos Deputados

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Wilson Lima
3 minutos de leitura 05.09.2024 14:03 comentários
Análise

O vale tudo pela presidência da Câmara dos Deputados

Entrada de Hugo Motta embaralhou o jogo para suceder Arthur Lira; disputa envolve dossiês, notas plantadas e assassinato de reputações

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Wilson Lima
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O vale tudo pela presidência da Câmara dos Deputados
Foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados

Há aproximadamente um mês, nove em cada vez deputados federais indicavam que a disputa pela presidência da Câmara seria resolvida ‘de cima para baixo’ no instante em que Arthur Lira (PP-AL) sacramentasse seu apoio ao líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA).

A campanha explícita de Lira, obviamente, incomodou outros partidos que não foram ouvidos previamente sobre a candidatura de Elmar. O deputado baiano nunca foi o queridinho de seus colegas. Seu jeito arrogante e truculento em determinadas situações dificultava qualquer tentativa de acordo.

O medo dos parlamentares – acreditem – era que Elmar Nascimento se tornasse uma espécie de Lira 2.0 assim que assumisse a presidência da Câmara: fiel no cumprimento de acordos, mas extremamente ríspido no trato com alguns parlamentares diante de determinadas contrariedades. Em resumo: Lira hoje é mais ‘aturado’ que respeitado. E as decisões do STF sobre o orçamento secreto dinamitaram ainda mais a influência do parlamentar junto aos seus colegas.

A questão é que os outros candidatos também não eram lá os mais populares entre seus colegas. Marcos Pereira (Republicanos) e Antonio Britto (PSD) nunca foram uma unanimidade. Tanto pelas figuras em si quanto pelos seus partidos. O primeiro – embora bispo da Igreja Universal – era visto com ressalvas até mesmo pela Frente Parlamentar Evangélica; o segundo sempre foi apontado por deputados como um congressista sem pulso e personalidade para enfrentar certos ditames do Palácio do Planalto.

O que está em jogo na disputa pela Presidência da Câmara?

Neste contexto, aparece Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta também não é o mais popular entre os demais colegas, mas ele é cria da “escola Eduardo Cunha” da qual também saíram nomes como o próprio Arthur Lira e o ministro dos Esportes, André Fufuca. Em resumo: alto pode de negociação com o governo federal, mas sem ser necessariamente submisso a ele.

Após o lançamento da candidatura de Motta, começou uma intensa guerra de bastidores para minar a capacidade de articulação do deputado paraibano. Notas na imprensa, denúncias sobre suas ligações suspeitas, dossiês… toda aquela baixaria típica das eleições municipais. A disputa pela cadeira mais importante do parlamento virou uma luta de vale tudo.

Nesta semana, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o presidente do União Brasil, Antoio Rueda, iniciaram uma frente para dinamitar a candidatura de Motta. No próprio PL, a bancada bolsonarista rejeita o parlamentar, mas dificilmente iria contra os ditames de Valdemar Costa Neto.

O fato é que se Arthur Lira imaginava que haveria consenso entre os deputados, esse consenso – ao menos neste início de setembro – e algo praticamente impossível.

Mas como se fala normalmente em Brasília: tudo pode acontecer. Inclusive nada.

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Wilson Lima

Wilson Lima é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão. Trabalhou em veículos como Agência Estado, Portal iG, Congresso em Foco, Gazeta do Povo e IstoÉ. Acompanha o poder em Brasília desde 2012, tendo participado das coberturas do julgamento do mensalão, da operação Lava Jato e do impeachment de Dilma Rousseff. Em 2019, revelou a compra de lagostas por ministros do STF.

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