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O fio da meada nas mãos de Lewandowski tem de ser puxado até o final

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Carlos Graieb
3 minutos de leitura 24.03.2024 19:02 comentários
Análise

O fio da meada nas mãos de Lewandowski tem de ser puxado até o final

Indícios de que políticos, milicianos e até a cúpula da polícia se uniram para assassinar Marielle exigem aprofundamento da investigação

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O fio da meada nas mãos de Lewandowski tem de ser puxado até o final
Foto José Cruz/ Agência Brasil.

O ministro da Justiça e ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski (à direita na foto), tem o péssimo hábito de usar eufemismos. Neste domingo, 24, ele disse que a prisão dos supostos mandantes do assassinato de Marielle Franco “pode ser o fio da meada” para a solução de outros crimes no Rio de Janeiro. Essa fórmula branda não é aceitável. Se política, polícia e milícias se irmanaram para cometer e acobertar o crime, como tudo parece indicar, é imperativo que o trabalho da Polícia Federal continue e revele todas as peças dessa engrenagem apodrecida. 

É claro que a solução do assassinato é importante por si só. Depois de seis anos, esse ato de justiça era devido aos familiares da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes. Mas, como observou em uma rede social a própria viúva de Marielle, a vereadora Mônica Benício, não pode haver descanso diante da constatação de que até o ex-chefe da Polícia Civil fluminense, Rivaldo Barbosa, estava implicado no crime. 

Obstrução de justiça

A prisão de Barbosa foi a grande surpresa da ação deste domingo, 24. Depois dos assassinatos, ele se encontrou com os parentes das vítimas e prometeu que solucionaria o caso. Na verdade, conforme sugerem as provas levantadas pela Polícia Federal, ele trabalhava para obstruir a investigação.

“Os trabalhos de sabotagem se iniciaram no momento mais sensível da apuração, as horas de ouro”, diz o inquérito. A expressão se refere àqueles momentos logo após o crime em que indícios podem ser mais facilmente coletados. Em vez disso, o que se viu foi a perda de provas, como imagens das câmeras da rua onde as mortes aconteceram. Barbosa nomeou o delegado Giniton Lages como titular da divisão de homicídios do Rio de Janeiro no dia seguinte à execução de Marielle e Anderson. Ao que parece, para impedir qualquer avanço na apuração. 

As outras prisões realizadas pela PF são menos surpreendentes, mas não menos graves. Foram levados em custódia os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, cujos nomes já haviam sido mencionados anteriormente em conexão com o crime. 

Políticos, milícia, polícia

Domingos é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (ele também aparece em suspeitas sobre um grande esquema de corrupção envolvendo o órgão). Chiquinho é deputado federal pelo União Brasil. Os dois integram um clã de políticos da zona Oeste da capital fluminense e, segundo a PF, estão enredados com as milícias que aterrorizam essa região.

Os Brazão teriam ordenado a morte de Marielle por julgar que ela poderia atrapalhar um projeto de especulação imobiliária que tocavam em parceria com milicianos. Segundo a PF, contaram com a cumplicidade de Rivaldo Barbosa antes de qualquer tiro ter sido disparado. 

Políticos, milícia, polícia – todos juntos e misturados, espalhando medo e morte pelo Rio. Sim, a prisão de Domingos, Chiquinho e Rivaldo foi uma vitória, mas as autoridades não podem perder um segundo sequer com autocongratulações ou palavras amenas. O fio da meada precisa ser puxado até o final. Ele está nas mãos de Ricardo Lewandowski.

Leia mais:

PF aponta ‘sabotagem’ da chefia da Polícia Civil no caso Marielle

Caso Marielle: “Bolsonaro não tem qualquer relação”, diz Flávio

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Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

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