Lula não vai conseguir enganar os evangélicos
Petista tenta se aproximar de eleitorado mais conservador, mas acenos à cultura woke jogam esforços por água abaixo
Lula pode até tentar, mandar cartinha, liberar benefícios fiscais a bispos, se disfarçar de Martim Lutero… mas dificilmente irá conquistar o eleitorado evangélico brasileiro. Isso é batalha perdida.
O petista foi convidado pelo apóstolo Estevam Hernandez, organizador da Marcha para Jesus, para engrossar o palanque do líder evangélico no evento. Lula sabia que seria vaiado. E ele morre de medo disso. Para não tensionar ainda mais uma relação que já não é das melhores com os cristãos não católicos, o presidente da República mandou uma cartinha amistosa e enviou seu Messias, o Jorge (o Advogado-Geral da União), para representar o Palácio do Planalto no evento. Era o que o Planalto tinha para o feriado de Corpus Christi.
Os dados do Censo e estudos do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) dão a dimensão exata do enrosco de Lula e o PT, que, historicamente, sempre se alinharam aos católicos, principalmente à corrente da Teologia da Libertação do ex-frei franciscano Leonardo Boff.
Em 2021, segundo o IPEA, o país tinha 87,5 mil templos evangélicos. Em 1998, eram 26,6 mil. Ainda pelo estudo, apenas 11% dos templos registrados no país eram católicos. Outro dado, esse mais antigo, revela que o número de evangélicos cresceu 61,5% no Brasil ao longo dos anos 2000.
Até mesmo entre os católicos, o petista enfrenta seus gargalos. Ao longo dos anos 2000, a Igreja Católica acompanhou o crescimento de movimentos como Renovação Carismática Católica e Canção Nova, cujos fiéis têm um perfil ideológico bem semelhante aos das igrejas neopentecostais. Se isso é um problema para o Papa Francisco, não seria para Lula? Guardada, óbvio, as devidas proporções.
Na carta enviada a Hernandez, Lula disse que a “Igreja desempenha um papel vital” no compromisso de fazer do Brasil um país mais justo. Fato. Em seguida, o petista voltou a exaltar o fato de ter sancionado a lei que criou o Dia Nacional da Marcha para Jesus, em 2009. Pouco, muito pouco.
Ao barrar propostas como a Lei das Saidinhas e fazer acenos à cultura woke, Lula joga por terra qualquer tentativa se de aproximar aos evangélicos. Quer seja com cartinha ou com benefícios fiscais aos templos. O Brasil mudou. Mas Lula não.
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