Lula equipara o TSE ao CNE de Maduro
Se o padrão de legitimidade é o conselho que ajuda Maduro a roubar eleições, por que acreditar no tribunal brasileiro?
Uma afiliada da Rede Globo em Mato Grosso realizou uma entrevista chapa-branca com Lula sobre as eleições na Venezuela.
Em um dos trechos, o amigo universal das ditaduras afirma que “não tem nada de grave, não tem nada assustador” acontecendo no país vizinho.
Nesse mundo da carochinha descrito pelo presidente brasileiro, o processo eleitoral da Venezuela não foi contaminado por arbitrariedades desde muito antes da ida às urnas.
Tudo que existe é uma discordância trivial entre situação e oposição, em relação ao resultado da votação do último domingo.
Um apêndice da ditadura
“Um concorda, outro não”, disse Lula a respeito dos resultados anunciados pelo regime de Nicolás Maduro.
Nesse caso, a solução é simples: “Entra na Justiça e a Justiça [decide]”.
Lula se esqueceu de mencionar que Maduro já qualificou sua vitória como “irreversível”.
Mas, ainda que o caudilho não tivesse feito essa declaração, seria ridículo esperar um julgamento isento do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. O órgão nada mais é que um apêndice da ditadura bolivariana.
Passando pano para o CNE
Implicitamente, Lula equiparou o CNE às instituições que zelam de maneira autônoma pelas eleições em outros países.
Entre elas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Lula levou água ao moinho de todos que questionaram e ainda questionam o sistema eleitoral brasileiro.
Se o padrão de legitimidade é o conselho que ajuda Maduro a roubar eleições, o que pensar do tribunal que deu a vitória ao próprio Lula em 2022?
O pecado que o TSE não cometeu
O trabalho do TSE está sujeito a muitos tipos de contestação.
O tribunal criou para si próprio um órgão de policiamento do debate político, a famigerada Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação.
Seus ministros atropelaram a lei para cassar o mandato parlamentar Deltan Dalagnol, com base em nada mais do que conjecturas.
Ao editar regras para as eleições de 2024, eles também não hesitaram em atropelar o Congresso e o Marco Civil da Internet.
Manipular o resultado das urnas, contudo, não é algo que se conta entre os pecados do TSE. Nenhum processo de votação no Brasil foi mais esquadrinhado que o de 2022. Jamais se conseguiu demonstrar qualquer irregularidade no registro e na totalização dos votos.
Teorias da conspiração
Mas alguém duvida que o discurso de Lula sobre como validar uma eleição fraudada, submetendo os resultados a um conselho cooptado pelo poder, servirá para alimentar teorias da conspiração no Brasil?
Na sanha de dar proteção a Maduro, Lula é cruel com os venezuelanos, cada vez mais miseráveis e desesperançados.
Ele também é nocivo para a democracia brasileira. E ainda há quem passe pano para ele.
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Correção: A versão original deste artigo atribuiu a entrevista de Lula à Globonews. A informação foi alterada. Peço desculpas pelo erro.
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