It’s time! Decisão do BC será 1º round de embate entre Lula e RCN
Lula ostenta extenso histórico de aplicação de artes econômicas mistas, enquanto Roberto Campos Neto defende o cinturão de melhor Banco Central do mundo
“Senhoras e senhores de todo o Brasil, este é momento que todos com interesse em economia estiveram esperando”, diria o locutor e apresentador do UFC (Ultimate Fighting Championship), Bruce Buffer.
Do lado esquerdo, em calções vermelhos, Luiz Inácio Lula da Silva, que ostenta um histórico de aplicação de artes econômicas mistas extenso, com forte jogo retórico populista e técnicas ortodoxas e heterodoxas de forma inesperada, o que garante a confusão do adversário.
Do lado direito, em calções verdes e amarelos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com um histórico de atuação fortemente ortodoxa na condução da política monetária e à frente do recém-eleito melhor Banco Central do mundo, além de carregar sob o cinturão o controle do choque inflacionário pós-pandemia.
Copom
Na quarta-feira, 20, ao soar do sino, às 18h30, o Copom (Comitê de Política Monetária) divulga o comunicado que direcionará as discussões para os 45 dias seguintes, até a próxima reunião do colegiado.
Nos dias que antecedem o embate, Lula abusou do “trash talk” para constranger o adversário e manter o ritmo de cortes na taxa Selic em 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões.
Em entrevista ao SBT, o petista chamou mais uma vez o chefe da autoridade monetária de “esse cidadão” e afirmou que Campos Neto “contribui para o atraso do crescimento econômico”.
O presidente do BC, de outro lado, manteve o estilo e os comentários dentro do que o Copom tem indicado nas comunicações formais.
Cutucada
No entanto, cutucou o oponente com falas sobre a necessidade de equilíbrio fiscal por parte do governo, conhecido ponto fraco do petista que tem uma tendência a gastar mais do que arrecada a essa altura da carreira.
O mercado financeiro está dividido sobre a postura a ser adotada por Roberto Campos Neto e pelos diretores do Banco Central para os próximos passos na condução da política monetária.
A dúvida é se este primeiro round será apenas de estudo sobre o oponente, ou se o comunicado trará os primeiros movimentos que serão considerados ataques por parte de Lula.
“Próximas reuniões”
A exclusão da previsão de cortes de mesma magnitude nas “próximas reuniões” no comunicado da autoridade econômica pode marcar o início de um dissenso no equipe de Roberto Campos Neto, uma vez que quatro dois nove componentes do colegiado foram indicados por Lula.
É importante ressaltar que o fim da unanimidade historicamente marca mudanças de direção ou ritmo nas decisões do Banco Central e dessa vez, não será diferente.
Roberto Campos Neto deve esperar críticas da torcida de Lula, marcadamente pela voz da presidente do PT, Gleisi Hoffman, que tem assento garantido na primeira fila.
O fator Galípolo
Além disso, deve lidar com os anseios de um candidato tenta ocupar a posição dele assim que tiver de pendurar as luvas no fim do ano, Gabriel Galípolo. O atual diretor de Política Monetária da autoridade monetária, foi o primeiro indicado por Lula para a instituição, e foi visto, recentemente, em jantar na casa de José Dirceu (uma espécie de Don King da política nacional).
Na plateia, o mercado financeiro faz apostas e, de acordo com a curva de juros futura, ainda se divide sobre a manutenção da expressão “próximas reuniões” no próximo comunicado do Copom, que levaria a Selic a ficar abaixo de 10% ao ano em junho.
Atualmente, as chances de um corte de 0,5 ponto percentual em junho estão precificadas levemente acimas dos 60%. A redução de maio, no entanto, estaria garantida.
“Let’s get ready to rumble”
Seja qual for o resultado deste primeiro round, a luta está apenas no começo e deve gerar muita volatilidade no mercado até o fim deste ano.
Como diria Michael Buffer, outro famoso locutor americano de lutas de artes marciais mistas: “Let’s get ready to rumble”. Ou, em bom português, “prepare-se para fazer barulho”.
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