Impeachment de Moraes ainda é distante, apesar de ato de 7 de setembro
MInistro do STF foi chamado de psicopata, tirano, mentiroso e criminoso; mas movimento deste sábado ainda é incipiente e precisa ganhar corpo
Os atos de 7 de setembro na avenida Paulista que pediram o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes foram marcados por duros discursos contra o magistrado.
Durante aproximadamente três horas, personagens como os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ex-presidente Jair Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, chamaram Moraes de psicopata, tirano, mentiroso e criminoso.
Mas a pergunta que cabe neste momento é: essa mobilização terá condições de gerar um movimento pelo afastamento do magistrado? Dificilmente.
O número de pessoas que compareceu à avenida Paulista foi, de fato, substancial em comparação com outros eventos que criticaram atos do STF. Mas o número de pessoas nas ruas ainda é diminuto se comparado com a multidão que foi às ruas pedir pelo impeachment de Dilma Rousseff.
“Psicopata”
Na manifestação deste sábado, o deputado Eduardo Bolsonaro disse que Moraes era um “psicopata” capaz de “jogar velhinhas em uma cadeia por anos apenas por capricho pessoal”; Nikolas afirmou que o magistrado é “um criminoso que usa dos seus poderes a qualquer preço para poder silenciar e calar e impedir que nós saibamos a verdade”; Malafaia declarou que o ministro deveria ir para a cadeia e por aí vai.
Já o ex-presidente adotou o tom mais duro desde quando começou a ser investigado pelo STF por suspeita de incentivar atos-antidemocráticos.
“Devemos botar freio, através dos dispositivos constitucionais, naqueles que saem, que rompem o limite das quatro linhas da nossa Constituição. E eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva.”
Prefeitura
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo mais alinhados a Bolsonaro, Ricardo Nunes (MDB), Marina Helena (Novo) e Pablo Marçal (PRTB) compareceram. Nunes ficou pouco tempo; Marina permaneceu o tempo todo e Pablo Marçal chegou no final apenas para ‘marcar posição’.
Os organizadores do ato deste sábado afirmam que ele é apenas o início de um processo que vai se desenrolar ao longo deste ano e de 2025. Isso significa que essas mobilizações podem incentivar as pessoas a irem às ruas pedir pelo impeachment de um ministro de Supremo? Difícil, muito difícil. Há uma diferença cabal entre o impeachment de um presidente e de um ministro de STF.
A destituição de um presidente da República afeta o dia-a-dia do cidadão, o preço do tomate, o preço da gasolina; a destituição de um magistrado afeta questões até mais relevantes como o direito à liberdade individual ou de expressão. O problema é que esses direitos difusos ainda são muito distantes da realidade do brasileiro médio.
Por isso, os atos de 7 de setembro podem ter sido uma fagulha. Mas para que ela se torne uma chama, a organização dependerá de um longo e penoso processo.
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