É preciso medir quanto pesa o apoio de Tarcisio em SP
Diferente de Bolsonaro, o governador abraçou a candidatura de Nunes. Ele está transferindo votos?
Fala-se muito do apoio relutante, envergonhado, que Jair Bolsonaro tem prestado ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) em sua campanha para reeleger-se em São Paulo.
Fala-se pouco da ligação entre Nunes e o governador Tarcísio de Freitas, que se estreitou bastante, e sobretudo não se mede o efeito que isso pode ter na eleição.
Tarcísio está transferindo votos? Algum instituto de pesquisas deveria investigar esse assunto, pois ele importa.
O governador de São Paulo abraçou sem reservas a campanha do prefeito já faz algum tempo.
A atuação de Tarcísio
Quando Pablo Marçal fez um ataque especulativo à candidatura de Nunes, tentando atrair para o seu lado Jair Bolsonaro e o seu capital político, Tarcísio trabalhou duro para evitar que isso acontecesse.
Parece que seu esforço rendeu frutos.
Na noite desta quinta-feira, 12, em um jantar em um clube de elite em São Paulo, Tarcísio estava no palco ao lado de Nunes. Coube a ele anunciar um vídeo gravado pelo ex-presidente, com uma mensagem – desta vez inequívoca – de apoio a Nunes.
O governador tem saído às ruas com frequência ao lado do prefeito. Na noite de quarta-feira, 11, Ricardo Nunes compareceu à sabatina promovida por O Antagonista vindo diretamente de uma agenda com o aliado.
Propaganda
Imagens desses eventos são usadas na propaganda eleitoral e Tarcísio já gravou inserções elogiosas especificamente para a televisão, onde a campanha de Nunes detém um latifúndio.
Tarcísio tem procurado ajudar mesmo quando não está ao lado de Nunes. Fala bem dele entre empresários ou religiosos, ao mesmo tempo que procura minar a influência de Marçal com esses públicos.
Tarcísio faz questão absoluta de se manter na órbita de Jair Bolsonaro. Jamais fez sequer o mínimo gesto para questionar sua liderança no campo político onde eles transitam. É fidelíssimo.
Mas a gestão à frente de São Paulo e a inelegibilidade do ex-presidente farão com que ele cristalize uma imagem própria nos próximos anos, com seus méritos e deméritos.
Placas tectônicas da direita
O despontar de Pablo Marçal também movimentou as placas tectônicas da direita e esse é outro fator que levará o eleitor bolsonarista a fazer comparações nos próximos tempos. Numa eleição sem Bolsonaro em 2026, por exemplo, qual dos dois personagens, Tarcísio ou Marçal, será melhor visto por esse contingente?
(Aliás, isso certamente está na cabeça de Tarcísio quando ele tece críticas ao candidato-coach; não é apenas interesse em promover Ricardo Nunes.)
Estas eleições, de 2024, são as primeiras em que o governador de São Paulo testa sua força como padrinho de uma candidatura. E vale lembrar que ele insistiu no investimento em Nunes mesmo diante das hesitações de seu próprio padrinho, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entender o que tudo isso significa é tarefa para ser levada a cabo nos próximos meses. Diz respeito à política de São Paulo e à política nacional.
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