É possível ser feliz sem aposentadoria? Lupi responde
Ministro disse que não usa a palavra déficit em nenhuma operação da Previdência Social e o importante é a felicidade
O déficit da Previdência no ano passado chegou a 306,2 bilhões de reais, 17% acima do registrado em 2022, considerando-se somente o Regime Geral de Previdência Social. Em outras palavras, essa foi a quantidade de dinheiro que a Previdência teve de tirar de outro lugar para pagar aposentadorias e pensões de trabalhadores da iniciativa privada.
Se consideradas as aposentadorias de servidores públicos e militares o rombo cresce ainda mais. Mas isso é um problema? Não ter dinheiro suficiente para fazer com que as despesas da Previdência sejam pagas com as receitas da Previdência é verdadeiramente uma fonte de preocupação?
Na opinião do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (foto), a resposta é simples: não! Por quê? “Porque ser humano não se mede por número, se mede por felicidade, se mede por satisfação, por se encontrar com alguma dignidade de viver”, disse, em entrevista à Folha de S.Paulo.
Felicidade
Parabéns ministro! Os brasileiros não são números, e felicidade é obviamente importante na vida do ser humano. Mas há dignidade em trabalhar e contribuir para “garantir” a aposentadoria e, na velhice, quando mais precisar, não receber nada em troca?
O descaso de Lupi com o déficit da Previdência não é somente uma colocação imprópria sobre a situação. É o descaso com aqueles que contribuem com o INSS hoje e não sabem se terão algo para receber no futuro. Em última análise, a importância de se achar um equilíbrio nas contas da Previdência tem a ver com a própria existência da aposentadoria futura de milhões de brasileiros.
Ora, ministro, será que há “dignidade de viver” em uma velhice sem o mínimo para o sustento? A miopia econômica e matemática de Lupi é um escárnio com o trabalhador brasileiro. O mais triste, porém, é que camuflada sob frases e palavras de efeito, deixa transparecer o entendimento raso sobre os assuntos da pasta.
Ao fim e ao cabo, a sugestão implícita de Lupi é que o trabalhador brasileiro não deve se preocupar se haverá aposentadoria no futuro (ele, pelo menos, não se preocupa – aliás nem usa a palavra “déficit”), o importante é ser feliz.
É a síntese do governo Lula: o futuro que pague a conta!
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