Cretinice é deixar o brasileiro mais pobre que todos os emergentes
Moeda brasileira é a que mais perdeu valor entre as emergentes frente ao dólar desde o início do ano, quase 12%
Lula voltou à carga contra o mercado financeiro e chamou de “cretinos” aqueles que apontaram a fala do petista como uma das causas para a alta do dólar. Mais uma vez, o presidente se faz de desentendido. “Os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar entrevista“, disse durante reunião do Conselhão.
Useiro e vezeiro de recortes cuidadosos dos acontecimentos na tentativa de manipular a realidade, o petista faz parecer que o problema foi uma única entrevista e que analistas e comentaristas ocultaram o fato de o cenário internacional contribuir parar a alta da moeda americana.
No entanto, o problema vai além de uma declaração pública. Desde que começou a campanha eleitoral municipal, Lula (que prefere se manter no palanque a tomar posse como presidente da República e trabalhar) tem protagonizado um show de horrores de retórica para alegrar eleitores enquanto empobrece o brasileiro.
Desde a terça-feira da semana passada, 18, quando Lula iniciou a sequência de entrevistas e a verborragia incontida do eterno candidato, até o fechamento de quarta-feira, 26, o dólar se apreciou 10 centavos de real, ou 1,86% contra a moeda brasileira.
É verdade que o dólar tem se valorizado frente aos emergentes de todo o mundo. Em uma rápida consulta a um terminal da Bloomberg, por exemplo, constata-se a força da moeda americana contra os pares comparáveis com o real. Em um grupo de 23 emergentes, apenas duas moedas não perderam valor este ano contra a divisa dos Estados Unidos.
País nenhum desses 23, no entanto, fez a população empobrecer mais rápido que o Brasil até agora. Até a tarde desta quinta-feira, 27, nenhuma outra moeda emergente tinha se desvalorizado mais contra o dólar que o real. Isso é perda de poder de compra. Isso, sim, é cretinice.
O problema se acentuou conforme o tempo passou. Em janeiro e fevereiro, apareceram as tentativas de emplacar Guido Mantega na Vale; em março, as ingerências na Petrobras; abril, a mudança na meta fiscal antes mesmo de a nova regra completar o primeiro ano; em maio, a politização do Banco Central pelo petista transformou um dissenso no Copom e crise de credibilidade; e, este mês, Lula resolveu voltar a fazer campanha.
Não à toa, desde o início do ano, o real perdeu 18,47% de valor contra a moeda russa, 12,87%% contra a indiana, 12,61% contra a sul-africana. O dólar subiu 11,65% contra o real no período, até 16h desta quinta-feira, 27. Nem o peso da Argentina, que enfrenta uma gravíssima crise econômica sofreu tanto quanto o real, ou mesmo a lira turca, ou os pesos chileno, mexicano e colombiano.
Aqui, a verdade. Todos esses países estão expostos ao mesmo cenário internacional. Apenas um deles está exposto ao Lula. Como disse o próprio presidente durante a mesma manifestação no Conselhão: “Esse mundo perverso, de as pessoas colocarem para fora aquilo que querem sem medir a responsabilidade daquilo que vai acontecer, é muito ruim“.
O petista, certamente, deveria se ouvir.
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