Como usar o "mas..." no caso da cadeirada de Datena Como usar o "mas..." no caso da cadeirada de Datena
O Antagonista

Como usar o “mas…” no caso da cadeirada

avatar
Carlos Graieb
3 minutos de leitura 16.09.2024 20:48 comentários
Análise

Como usar o “mas…” no caso da cadeirada

Não vejo como relativizar ou desculpar o comportamento de Datena; há um remédio civilizado para crimes contra a honra: uma boa ação penal

avatar
Carlos Graieb
3 minutos de leitura 16.09.2024 20:48 comentários 1
Como usar o “mas…” no caso da cadeirada
Foto: Reprodução de vídeo

A maior parte das reações ao episódio da cadeirada de José Luiz Datena em Pablo Marçal vem da seguinte forma: “Datena errou, mas Pablo Marçal…”

Segue-se então uma lista das provocações de Marçal, das suas grosserias, acusações sem provas e desejo de atrair atenção a qualquer custo. 

Num momento em que o Brasil discute incessantemente a liberdade de expressão, acho inaceitável que se tente dar o mesmo peso às agressões verbais e às físicas. 

É preciso ressaltar, em vez de apagar cada vez mais, a fronteira entre as duas coisas.

Defesa da honra

No contexto de um debate político, é ainda mais importante estabelecer essa diferença, em vez de recorrer a desculpas como “não se pode exigir sangue de barata de fulano”

Ou como a “defesa da honra”, que tem sido utilizada há milênios para justificar todo tipo de violência. Há um remédio civilizado para crimes contra a honra: uma boa ação penal. 

Quem vai a um debate político sabe que seus adversários tentarão apresentá-lo sob a pior luz possível. Tentarão revelar o pior a seu respeito. Eventualmente, contarão mentiras.

Se a pessoa reage com agressão física em um evento desse tipo, fará o que se tiver o poder nas mãos? 

Autocontrole é, sim, uma virtude necessária para quem governa. Gente desprovida de autocontrole não deveria sequer ser cogitada para ocupar cargos públicos. É prenúncio de tormenta. 

Sem relativização

Não vejo como relativizar ou desculpar o comportamento de Datena.

Segundo a Lei dos Juizados Especiais, a lesão corporal leve sofrida por Marçal – sua costela foi trincada quando Datena o atingiu com a cadeira – é um crime de ação pública condicionada. 

O que isso significa? Que a ação penal depende de uma representação da vítima para começar. Mas, depois disso, o Ministério Público assume a causa e tem de ir até o fim. 

Como Marçal já fez a representação, é por aí que o caso deve seguir.

Esta é uma história em que o “mas…” só pode funcionar numa direção – e não é a que procura atenuar a gravidade do que fez o candidato Datena. 

Assim:

Pablo Marçal aposta o tempo todo na confusão e na ofensa, engambela os eleitores com propostas absurdas, tem histórias duvidosas no passado e no presente. Mas… nada justifica a agressão que sofreu.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Rede X dribla bloqueio e volta a funcionar no Brasil

Visualizar notícia
2

Declarações irresponsáveis de Lula e Marina beiram a paranoia

Visualizar notícia
3

Ucrânia destrói maior depósito de munições da Rússia

Visualizar notícia
4

Após pagers, rádios portáteis do Hezbollah explodem no Líbano

Visualizar notícia
5
6

Crusoé: Lula vai testemunhar a destruição da democracia no México

Visualizar notícia
7

Nem toda unanimidade é burra

Visualizar notícia
8

Bolsonaro volta a postar no X: "Parabenizo a todos pela pressão"

Visualizar notícia
9

Entenda a volta informal do X

Visualizar notícia
10

Retaliação do Hezbollah e nova frente de guerra para Israel

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

“Uma vitória de todos que se opõem ao terror”

Visualizar notícia
2

Crusoé: González Urrutia diz que foi coagido a assinar documento

Visualizar notícia
3

BC aumenta taxa Selic para 10,75% a.a. em decisão unânime

Visualizar notícia
4

Aprovada dispensa de licitações em situação de calamidade

Visualizar notícia
5

PT e PL travam batalha sobre empréstimo para empresários

Visualizar notícia
6

Papo Antagonista: A censura instável e as explosões

Visualizar notícia
7

Crusoé: Com inteligência, Israel humilha Irã e Hezbollah

Visualizar notícia
8

Crusoé: Como o Brasil pode ajudar venezuelanos na embaixada em Caracas

Visualizar notícia
9

Boulos planeja poupar Marçal de olho no segundo turno

Visualizar notícia
10

Candidato petista à prefeitura de Fortaleza leva ovada em carreata

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

cadeirada Eleições em São Paulo José Luiz Datena Pablo Marçal
< Notícia Anterior

Agressão de Datena a Marçal vira caso de polícia

16.09.2024 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Caso Moraes: CPI é melhor que impeachment?

16.09.2024 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Carlos Graieb

Carlos Graieb é jornalista formado em Direito, editor sênior do portal O Antagonista e da revista Crusoé. Atuou em veículos como Estadão e Veja. Foi secretário de comunicação do Estado de São Paulo (2017-2018). Cursa a pós-graduação em Filosofia do Direito, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (1)

Mario Mello Mattos

17.09.2024 11:47

Memória. Há 60 anos, pai de Collor matou colega no Senado, mas saiu impune…Mas não se pense em injustiça! Ele queria acertar outro senador e, por engano, matou o colega. Foi sem querer, pô!


Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Crusoé: Com inteligência, Israel humilha Irã e Hezbollah

Crusoé: Com inteligência, Israel humilha Irã e Hezbollah

Duda Teixeira Visualizar notícia
Crusoé: Lula vai testemunhar a destruição da democracia no México

Crusoé: Lula vai testemunhar a destruição da democracia no México

Duda Teixeira Visualizar notícia
Declarações irresponsáveis de Lula e Marina beiram a paranoia

Declarações irresponsáveis de Lula e Marina beiram a paranoia

Ricardo Kertzman Visualizar notícia
Nem toda unanimidade é burra

Nem toda unanimidade é burra

Rodrigo Oliveira Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.