Coaching para prefeito com Pablo Marçal Coaching para prefeito com Pablo Marçal
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Coaching para prefeito com Pablo Marçal

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Rodolfo Borges
4 minutos de leitura 10.08.2024 11:22 comentários
Análise

Coaching para prefeito com Pablo Marçal

Um homem que consegue convencer pessoas a se expor a riscos desnecessários no cume de montanhas não pode ser desprezado, nem subestimado numa campanha eleitoral

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Rodolfo Borges
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Coaching para prefeito com Pablo Marçal
Foto: Reprodução/ Band

Pablo Marçal (PRTB, foto) já se estabeleceu como o intruso da campanha municipal deste ano. O ex-coach divide com José Luiz Datena (PSDB) o espaço do outsider na disputa pela Prefeitura de São Paulo, mas o apresentador demonstrou logo no primeiro debate que é muito mais instintivo do que calculista. Faltam método e pretensão a Datena, não a Marçal.

Um homem que consegue convencer pessoas a se expor a riscos desnecessários no cume de montanhas não pode ser desprezado, nem subestimado numa campanha eleitoral. Mesmo após ter sido desmoralizado pela deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) no debate da Band, o empresário segue mobilizando um contingente considerável de apoiadores nas redes sociais — e a exposição pode aumentar o número de eleitores.

Aliás, nas redes sociais de Marçal, quem ganhou o embate com Tabata foi ele. Os cortes do debate distribuídos pelo ex-coach invertem a realidade e estão sendo usados para questionar — e desqualificar — quem diz que ele não foi bem no primeiro encontro televisionado com os adversários. A edição do debate vale mais do que o próprio debate, a história ensina.

A este ponto, tanto faz o que Marçal diga ou faça — ou tenha feito. Ele encarnou a aura de espontaneidade que levou Jair Bolsonaro e Donald Trump às presidências de Brasil e Estados Unidos, respectivamente. Não parece ainda que isso seja o bastante para elegê-lo prefeito da maior capital do Brasil, mas certamente ele será um fator desequilibrante na campanha, muito mais do que Datena.

Tentativa de homicídio?

Em 5 de janeiro de 2022, o Corpo de Bombeiros foi mobilizado para resgatar 32 pessoas que subiram ao Pico dos Marins, em Piquete (SP), no que o chefe da operação de resgate chamou de “pior ação que a gente viu”. Marçal estava à frente da missão, mas, hoje, diz que não estava.

Depois que a empreitada deu errado, o candidato à Prefeitura de São Paulo disse que “não mandou ninguém subir” e “cada um estava sob a própria responsabilidade”. Ele repetiu essa versão em entrevista ao portal G1 na sexta-feira, 9, mas admitiu que “foi um erro” subir a montanha em condições meteorológicas adversas. O ex-coach ainda é investigado por tentativa de homicídio pelo caso, por ter colocado vidas em risco apesar do alerta das autoridades sobre os perigos.

Marçal, que, ao se defender, chegou a dizer que “se você não quer correr risco, fica na sua casa assistindo os stories”, atribui motivações políticas à investigação policial. O fato é que mesmo após o poderoso Fantástico, da Rede Globo, exibir uma reportagem detalhada sobre o caso do Pico dos Marins, o influenciador segue vivo politicamente, e isso não é pouca coisa.

Desde a Roma Antiga

“Persevere constantemente em reter este caminho que você instituiu, dizendo a si mesmo: ‘Vencerei como orador'”, aconselha Quintus Cícero ao irmão Marcus Cícero, o maior orador da Roma Antiga, que disputava e conseguiu se eleger para o posto de cônsul. “É no discurso que se afastam os entraves e não só se rechaçam os aliciadores, como ainda as injúrias”, diz o texto que ficou conhecido como “Como ganhar uma eleição” (Bazar do Tempo).

Marçal é o maior orador da campanha em São Paulo, e não apenas porque é capaz de convencer com a retórica motivacional e provocativa de coach ou de criar expressões como “para-choque de comunista” e “comedor de açúcar” para rotular os adversários, mas porque tem o domínio das ferramentas de rede social e desenvolveu uma teia de reverberação que amplifica sua mensagem.

Chamem os bombeiros

Essa teia é capaz de transformar derrotas em vitórias apenas pela repetição exaustiva da mensagem, uma possibilidade oferecida pelas redes sociais a qualquer candidato que souber manejá-las. Os memes produzidos pela campanha do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para o Instagram são brincadeira de criança perto dos vídeos editados por Marçal.

“Se você é uma pessoa que não corre risco, dificilmente você vai governar ou chegar no topo”, ensinava o coach Pablo Marçal. Melhor deixar os bombeiros de prontidão durante a campanha deste ano.

Leia mais: Marçal, Trump e Bolsonaro são o “novo normal” da política

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Rodolfo Borges

Rodolfo Borges é jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). Trabalhou em veículos como Correio Braziliense, Istoé Dinheiro, portal R7 e El País Brasil.

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