Boulos e Nunes transformam último debate em resumo enfadonho do 2º turno em SP
Deputado federal e prefeito travaram o embate mais morno de toda a campanha; falta de ‘fato novo’ é benéfico ao emedebista
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), transformaram o debate que encerrou o 2º turno na disputa pelo comando da maior cidade do país em um resumo enfadonho e modorrento dessa reta final de campanha eleitoral.
Ao longo de aproximadamente duas horas de programa, os dois trocaram ataques e insultos – ainda que em um tom infinitamente mais morno que em programas anteriores – sobre as mesmas questões que foram abordadas ao longo do ano de 2024. Diga-se: fatos que foram abordados ainda na fase da pré-campanha.
Em resumo: sem nenhum fato novo. E o pior: sem tiradas, ironias, ou momentos icônicos que possam, ao menos, alimentar as redes sociais.
Nunes insistiu em rotular Boulos como extremista, invasor e resgatou as prisões do deputado federal na época em que ele era um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Boulos, em contrapartida, tentou colocar no prefeito a pecha de “fraco” e ressuscitou as investigações da Polícia Federal (PF) que miram aliados do emedebista na chamada máfia das creches.
Jair Bolsonaro, um personagem oculto
Jair Bolsonaro também foi citado insistentemente de Boulos. O deputado federal tentou rotular Nunes de “negacionista” por apoiar as políticas adotadas pelo ex-presidente ao longo da pandemia de Covid. “Se tem um extremista nesse debate é você, que anda com Bolsonaro, que tentou golpe, desprezou vacina”, disse Boulos.
Já o prefeito criticou Boulos pelo fato de ele não ter votado a favor de uma proposta do deputado Kim Kataguiri (União-SP), que aumenta a punição pelos crimes de furto e roubo. O deputado federal declarou apenas que não participou da sessão porque estava em uma reunião com Lula.
Ao longo do primeiro bloco, Boulos ainda questionou Nunes sobre a gestão dos cemitérios da capital paulista, cujo serviço foi privatizado pelo prefeito Nunes em 2023. “Nunes, você sabe quanto custa rezar uma missa nos cemitérios?”, questionou o deputado do PSOL. “Boulos, não vamos fazer pegadinha…”, respondeu o prefeito.
O debate da TV Globo mostrou, claramente, que nem mesmo os postulantes à prefeitura teriam criatividade para mais uma ou duas semanas de embates. E a falta de fatos novos favorece Nunes, que está em queda nas últimas pesquisas. Parafraseando a linguagem do futebol: Nunes quer que o jogo acabe o quanto antes. Boulos, do outro lado, ainda luta por uma prorrogação, mas time algum consegue reverter um resultado adverso com as mesmas jogadas executadas ao longo de dois tempos de 45 minutos.
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