Alguém pode parar Pablo Marçal?
Empate técnico revelado pela pesquisa Quaest aponta que nem mesmo campanha de desconstrução de imagem do clã Bolsonaro foi eficaz
O empate técnico entre o influenciador digital Pablo Marçal (PRTB), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), é uma pedra cantada para quem analisa pesquisa eleitoral sem paixões e sem preconceitos.
Agora, sem dúvida, o fato surpreendente nos números apresentados pela Quaest nesta quarta-feira, 28, diz respeito à baixa capacidade da família Bolsonaro de influenciar – para o bem ou para o mal – a disputa pela prefeitura de São Paulo.
Inscreva-se em nossa newsletter
O Antagonista foi o primeiro veículo a registrar a cisão de integrantes do clã Bolsonaro com Pablo Marçal. Isso com direito a troca de farpas e de acusações dos dois lados. Mas os dados da Quaest mostram que, ao invés de perder terreno junto ao bolsonarismo, Marçal ganhou a adesão dos eleitores mais fiéis do ex-presidente da República.
Em resumo: o tiro de Eduardo Bolsonaro (PL) e Carlos Bolsonaro (PL) saiu pela culatra.
Eleitorado
Em julho, segundo a Quest, 28% dos eleitores de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022 iriam votar em Marçal. Agora, 39% dos eleitores bolsonaristas votam em Marçal. Um crescimento substancial que mostra o seguinte: Marçal saiu incólume aos ataques do clã. E ainda deixou Bolsonaro e companhia em uma sinuca de bico. Agora, o ex-presidente é que tem sido alvo de questionamentos por ‘se vender’ ao sistema ao apoiar Nunes e escantear, por exemplo, o deputado federal Ricardo Salles.
Detalhe: até mesmo Joice Hasselmann abandonou o palanque de Nunes.
Além disso, nas últimas semanas, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) intensificou as campanhas contra Marçal associando o influenciador a integrantes do PCC. Também não colou. Nas redes sociais, houve mais barulho em relação à decisão que suspendeu as contas de Marçal – a partir de uma ação impetrada pelo PSB – do que o suposto vínculo do empresário com pessoas ligadas ao PCC.
Pablo Marçal é indestrutível?
Afinal de contas, Pablo Marçal é indestrutível? Se seus adversários optarem por táticas eleitorais tradicionais de desconstrução de imagem, sim.
A campanha pela prefeitura de São Paulo não é inédita e remete à das eleições presidenciais de 2018. O roteiro é o mesmo. Irritantemente igual: um personagem que se diz ser contra o sistema, lançado por uma sigla nanica, que comanda as narrativas das redes sociais e ganha projeção a partir de cortes com ‘lacrações’… tudo velho. Tanto na forma, quanto no conteúdo.
A batalha virtual é diferente da batalha no campo real. Pablo Marçal sabe disso e tem se aproveitado desse fato para impor a narrativa e a dinâmica da campanha eleitoral. Goste-se ou não, Marçal é favoritíssimo não somente para se chegar a um segundo turno como para vencer a disputa em São Paulo.
A questão que fica para os adversários do influenciador digital neste momento é: eles aprenderam ou não com o fenômeno Jair Bolsonaro em 2018? Pelo jeito, não. E Marçal, que de bobo não tem absolutamente nada, só tem o que comemorar.
Ao menos por enquanto.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)