A visão aquém do alcance de Gleisi
Presidente do PT, tal qual um disco arranhado, repete o discurso contra o BC enquanto ignora a posição assumida pelos quatro indicados de Lula
Os mais antigos hão de se lembrar de uma série de desenho animado dos anos 1980, chamada Thundercats. Nela o protagonista, meio felino meio humano, Lyon, empunhava uma espada que guardava o olho de Thundera, que lhe concedia a “visão além do alcance”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, parece ostentar um artefato parecido no mundo invertido de onde repete à exaustão a ladainha sobre o Banco Central e a trama bolsonarista contra o governo Lula levada a cabo pelo presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.
Em postagem nesta sexta-feira, 21, no X, antigo Twitter, a petista voltou à carga, após editorial da Folha constatar o que deveria ser óbvio: a independência do BC protege Lula da falta de habilidade dele mesmo com a economia, e “o país do mandonismo do presidente da República“.
O editorial destaca a campanha de descrédito que Lula faz contra o próprio governo e o estilo Nezinho do Jegue do petista, no vai e vem de opiniões. “A depender dele, a política monetária estaria tão desacreditada quanto a fiscal. Em vez de objetivos críveis e critérios transparentes, haveria um vaivém de promessas e recuos ao sabor das conveniências de ocasião“, aponta a Folha.
Gleisi, que parece sofrer de miopia seletiva – através do olho de Thundera do mundo bizarro – disparou. “Não, @folha , o BC “autônomo” não protege Lula. Protege os especuladores e as ricas elites que ganham muito, mas muito dinheiro, em cima da maior taxa de juros do planeta. Uma taxa mantida artificialmente, na marra mesmo, com apoio de editoriais como os de hoje e de uma cobertura econômica totalmente enviesada, que ignora os fatos econômicos para se manter fiel aos dogmas do neoliberalismo. O que vocês chamam de “autonomia” do BC é a subserviência aos interesses do mercado, dos bancos e das corporações que a mídia representa“, escreveu.
A presidente do PT parece não enxergar que a decisão que manteve inalterada a taxa Selic em 10,50% ao ano contou com os votos dos quatro indicados do governo ao Banco Central (Gabriel Galípolo, Aílton Aquino, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira), com ênfase no atual diretor de Política Monetária da autarquia, Gabriel Galípolo, que acompanhou Lula durante a campanha eleitoral.
É difícil acreditar que Gleisi deixaria escapar um detalhe tão descomunal, mas a petista mantém a ladainha interminável, como se, por repeti-la ad infinitum, convenceria os brasileiros de tamanha besteira.
Ou pior, acreditaria ela na teoria estapafúrdia que uma estratégia brilhante de Lula teria estimulado a decisão unânime do BC?
Com diriam os americanos: crazy!
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