A tragédia no Rio Grande do Sul e a foto que Lula queria
Ao longo dessa tragédia, presidente da República ainda não adotou um gesto verdadeiramente altruísta em prol das vítimas
Duas semanas após o início das enchentes, Lula finalmente foi prestar sua solidariedade, in loco, aos milhares de gaúchos atingidos pelas enchentes. Dessa vez, não houve sobrevoo. Lula visitou desabrigados, conversou com integrantes da Defesa Civil e, em teoria, fez o que de fato se espera de um gestor público diante de uma catástrofe destas proporções.
Equivoca-se, porém, quem acha que o presidente da República foi acometido por um ato meramente altruísta.
Conforme O Antagonista vem noticiando nos últimos dias, Lula deu vários sinais de que sua viagem ao Rio Grande do Sul não passou de um ato político. Um ato de lançamento (embora não oficial, e não com essas palavras propriamente ditas) da pré-candidatura ao governo do Estado de seu então ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta.
Além disso, o presidente da República queria uma foto. Uma foto dele abraçado a desabrigados, com a fisionomia triste e preocupada. Uma imagem dele ao lado de prefeitos, de autoridades públicas, ao lado do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, para demonstrar a todos a união irrestrita de todos os entes federativos em prol dos gaúchos.
Lula conseguiu a imagem. Uma imagem forte, simbólica. Mas ela representa a realidade?
Eis os fatos. Lula escolheu a cidade de São Leopoldo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, para fazer o anúncio. O município é administrado por um petista, Ary Vanazzi – ex-deputado federal considerado integrante da ala mais xiita do PT. Membro, inclusive, do mesmo grupo político petista ao qual Paulo Pimenta está alinhado.
Em uma situação como essa, seria plausível Lula anunciar todas as medidas em Porto Alegre, ao lado do prefeito Sebastião Melo (MDB). Mas Melo não é necessariamente o melhor amigo do presidente da República. Assim como também não são os melhores amigos do petismo gestores de cidades como Canoas, Bento Gonçalves ou Farroupilha.
O que se espera de fato de um presidente da República em instantes como esse é, de fato, um gesto altruísta, benevolente. É sentar-se ao lado dos inimigos, dos detratores. É uma atitude simples? Não. Mas daria o sinal inconteste de que o presidente da República enfrentaria tudo e todos para ajudar a salvar o Rio Grande do Sul. Um sinal de que o Palácio do Planalto estaria disposto a deixar a polarização de lado em prol das milhares de vítimas das enchentes.
Como já dito neste site, Lula fez exatamente o contrário. Uma pena.
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