A história de dois tribunais e três cadáveres
Proximidade de casos de corrupção e assassinato deveria render lição ao Brasil
Em março de 2017, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro prendeu cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado sob acusação de venda de sentenças, entre eles o então vice-presidente, Domingos Brazão.
Foi a Operação Quinto do Ouro, baseada em delação de um sexto conselheiro, o presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes, que se afastara do cargo após ter sido delatado por executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, empreiteiras que, por sua vez, seriam blindadas no Supremo Tribunal Federal e voltariam a ganhar contratos públicos no governo Lula.
Domingos Brazão foi solto rapidamente e um anos depois, em março de 2018, mandou matar Marielle Franco, no Rio, conforme investigação baseada em delação do assassino, o miliciano Ronnie Lessa. A vereadora do PSOL e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos dentro do carro, com quatro e três tiros, respectivamente.
Cinco desembargadores
Em dezembro de 2023, o advogado Roberto Zampieri foi assassinado com dez tiros dentro do carro, em Cuiabá, em possível queima de arquivo.
Em outubro de 2024, com base em mensagens encontradas em seu celular, um ministro do Superior Tribunal de Justiça, Francisco Falcão, afastou cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (foto) sob suspeita de venda de sentenças, que recai também sobre o TJ do Mato Grosso e o próprio STJ.
Foram eles: Sideni Soncini Pimentel, Vladimir Abreu da Silva, Marco José de Brito Rodrigues, Alexandre Aguiar Bastos e o presidente da Corte, Sergio Fernandes Martins. Segundo a PF, os desembargadores agora afastados usavam escritórios de advocacia dos filhos para burlar o rastro do dinheiro.
Pizza e muito sangue
A Operação Ultima Ratio ainda fez buscas em endereços dos alvos, onde apreendeu cerca de R$ 4 milhões de reais em dinheiro vivo, 39 celulares e 40 armas, entre outros equipamentos e documentos.
Vai ficar só por isso mesmo de novo?
A proximidade de casos de corrupção e assassinato ilustra, acima de tudo, a gravidade da impunidade no Brasil — um país onde tudo acaba em pizza e muito sangue, ou vice-versa.
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