Gestora que desvendou “inconsistências” no IRB alerta para balanços de varejistas
Em texto divulgado para investidores, a gestora carioca, famosa por desvendar "inconsistências contábeis" nas contas da ressegurador IRB Brasil em 2019, alertou sobre riscos nos balanços das varejistas brasileiras...
Em texto divulgado para investidores, a gestora carioca Squadra Investimentos, famosa por desvendar “inconsistências contábeis” nas contas da ressegurador IRB Brasil em 2019, alertou sobre riscos nos balanços das varejistas brasileiras. Em uma avaliação sobre para onde teriam ido as vendas da Americanas, após a divulgação da maior fraude contábil da história do mercado corporativo brasileiro, a equipe da gestora destaca os tempos de juros baixos como forte componente para as empresas buscassem crescimento através de endividamento. “Afinal, prejuízos no presente deveriam ser encarados como investimentos no desenvolvimento das vantagens competitivas de longo prazo, e não como despesas“, lembra.
Na carta, a gestora ressalta um evento curioso com empresas “tech” não listadas em que a diretora de uma das companhias teria brincado que não havia preocupação sobre quando passariam a dar lucro. “Estamos no business de perder dinheiro“, teria dito.
A gestora lembra que, durante esse período de capital abundante, “as receitas de grande parte dessas empresas realmente cresceu muito“. O problema, no entanto, ficou evidente quando os Bancos Centrais por todo mundo subiram os juros e as economias mudaram de perspectiva.
A Squadra destaca ainda que “enquanto os powerpoints sugeriam que a construção de ‘plataformas’ online seria pouco intensiva em capital, a realidade se revelou diametralmente oposta para muitas companhias“. A partir daí, as varejistas partiram para uma contabilidade mais criativa, com práticas e argumentação como forma de “camuflar as pressões crescentes em seus resultados.”
Com o endividamento em alta e com as condições financeiras se deteriorando, os níveis de endividamento cresceram. “Em uma país com a cultura do parcelado sem juros, o negócio do marketplace passou a requerer muito capital de giro ao pagar lojistas em poucas semanas, ao mesmo tempo em que concede prazos de 12 meses para os consumidores“. A gestora ressalta também que a contabilidade é a linguagem do mundo dos negócios e que “na situação limite que envolve fraude, acompanhar números errados pode levar a trajetórias corporativas completamente irracionais, como exemplificado pelo caso das Lojas Americanas“.
Por fim, o texto contém um alerta a mais para os investidores. “Da mesma forma que nos arrumamos e queremos estar bonitos para festas e ocasiões comemorativas, muitas empresas buscam embelezar seus balanços para o especial dia de fechamento do trimestre. No Brasil, as fotos dos ativos e passivos de algumas varejistas no encerramento do trimestre diferem bastante do que seria a realidade de sucessivos balanços diários“.
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